:: Celulas

Vamos entrar agora no universo microscópico das células. Para entendermos a sua natureza, vamos estudá-las sob diversos aspectos, mas tendo sempre em mente que o importante é a compreensão da célula como um todo vivo e não uma máquina dividida em setores. As células possuem uma grande diversidade de origens, formas, tamanhos e funções. Esses aspectos representam variações de um mesmo tema, pois muitas estruturas e funções se repetem em todos os tipos celulares. De início, precisaremos conhecer aspectos, como tamanho, forma, volume, relação entre volume e superfície e, também, a durabilidade dos ciclos celulares. Existem dois modelos estruturais de células: o procarionte e a eucarionte, sendo este último do tipo animal e do tipo vegetal. Elas constituem-se em verdadeiras unidades básicas, morfológicas e fisiológicas dotadas de incrível dinâmica e onde a vida se manifesta de forma independente e ativa. Portanto, veremos que as células, como entidades vivas, são dotadas de uma complexidade estrutural e funcional superior, permitindo-lhes uma infinidade de capacidades e transformações que são próprias da vida. Afinal, ainda não se conhece vida sem células. As células são, em sua grande maioria, menores do que a capacidade de resolução do olho humano, portanto só podem ser observadas com o uso de microscópios. A unidade de medida mais comumente empregada para mensurar as células é o mícron, que corresponde à milésima parte do milímetro (1mm : 1000). A maior parte das células animais e vegetais oscila entre 10 e 50 mícrons. Entretanto, podemos encontrar células que fogem desse padrão mediano de tamanho. Uma bactéria esférica, o micoplasma ou PPLO, causadora de uma infecção respiratória em bovinos, é considerada a menor célula conhecida, com apenas 0,1 mícron de diâmetro. Devido a essa dimensão, só é visível ao microscópio eletrônico. Em oposição aos micoplasmas, podemos citar a alga verde Acetabularia que possui forma de um pequeno guarda-chuva, sendo 10. 000 vezes maior que os micoplasmas, portanto visível a olho nu. No homem, os prolongamentos das células nervosas que saem da coluna vertebral e vão até os pés podem atingir até 1 metro de comprimento. Nos vegetais, algumas fibras dos tecidos de sustentação podem atingir alguns centímetros. As células são dotadas de grande dinamismo e apresentam formas extremamente variáveis. A grande maioria das células possui forma constante (cúbica, esférica, prismática, estrelada, ramificada, fusiforme e outras), porém algumas modificam continuamente sua forma sendo denominadas polimorfas, como as amebas, os leucócitos, macrófagos e outras. Vários são os fatores que influenciam a determinação da forma celular. Dentre eles destacamos a tensão superficial da membrana plasmática, o nível de viscosidade do citoplasma, o meio em que estão inseridas as células, a pressão exercida por células vizinhas, as informações genéticas das células, entre outras. Normalmente, a forma das células dos animais e vegetais é condicionada pela função que desempenham no organismo. As células epiteliais de revestimento, por exemplo, são achatadas e poliédricas de modo que possam cobrir a maior superfície possível, encaixando-se perfeitamente umas nas outras, não deixando espaços e cumprindo bem as funções de revestimento e proteção. As células musculares são alongadas, pois são adaptadas à contração, portanto não teria sentido se fossem cúbicas ou esféricas para cumprir tal função.

Lei de Driesch

A Lei de Driesch ou Lei do Volume Celular Constante diz que "o volume celular é constante nas células de um mesmo tecido em indivíduos de mesma espécie e em mesma fase de desenvolvimento, não interessando o tamanho dos indivíduos". Portanto, o que o diferencia dos seus colegas em tamanho é o número de células que possuem e não o volume que apresentam. Seus colegas maiores possuem maior quantidade de células, e o contrário se aplica para os colegas menores. As células constituintes do tecido nervoso e do tecido muscular estriado não são subordinadas a essa lei. As células nervosas podem possuir prolongamentos que saem da cabeça e vão até os pés. Então essas células serão mais volumosas em um indivíduo com 1,80m do que em um de 1,50m. As células musculares, quando continuamente estimuladas, podem sofrer hipertrofia aumentando o seu volume. Isso pode ser observado nos halterofilistas que apresentam musculatura bastante desenvolvida em função da continua atividade.

Lei de Spencer

Para uma melhor compreensão dessa relação, vamos observar a Lei de Spencer, segundo a qual "a superfície celular varia com o quadrado da dimensão linear, e o volume com o cubo da mesma dimensão". As células estão continuamente trocando substâncias entre si e com o meio em que se encontram. Os nutrientes de que uma célula precisa, penetram no seu interior, passando pela membrana (superfície), sendo então aproveitados no citoplasma (volume). Isso faz com que a célula cresça, aumentando o citoplasma e a membrana (volume e superfície). Quando essa relação é rompida e o volume citoplasmático passa a crescer mais que a superfície da membrana, a célula buscará equilibrar-se novamente, dividindo-se em duas novas células. Portanto, o desequilíbrio entre o volume e a superfície pode ser um fator indutor da divisão celular.

:: CICLO VITAL DAS CÉLULAS

A longevididade de uma célula é muito variável conforme a espécie. No organismo humano, há células que duram muitos anos. Algumas têm a sua duração contada em dias. Outras acompanham o indivíduo pot toda a vida, do nascimento à morte. Sob esse ponto de vistas, as células são classificadas em lábeis, estáveis e permanentes.

• Células lábeis: são células de curta duração. De modo geral, não se agrupam de forma fixa na organização dos tescidos, não se reproduzem e resultam de diferenciação rápida de células indiferenciadas de origem embrionária. Como tal , se classificam os gametas (duram dois ou três dias) e as hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue (no máximo 120 dias).

• Células estáveis: constituem a grande maioria dentre as numerosas variedades celulares do nosso organismo. São células que se diferenciam durante o desenvolvimento embrionário e depois mantêm um ritmo constante de multiplicação. Assim ocorre com as fibras musculares lisas e os diversos tipos de células epiteliais e conjuntivas. Podem duram meses ou anos. As células dos vegetais também se classificam nesse grupo.

• Células permanentes: resultam de uma diferenciação celular muito precoce no embrião. Duram toda a vida. Atingem alto grau de especialização. Por isso, depois de concluída a formação embrionária, perdem a capacidade de reprodução. É o que se verifica com as fibras musculares estriadas e com os neurônios. Não há renovação dessas células nos organismo depois do nascimento. Por isso mesmo, são inviáveis os transplantes de coração.

:: CÉLULAS PROCARIOTAS
Partindo-se do princípio estudado sobre a origem da vida, de que o mais simples gerou o mais complexo, os cientistas em geral acreditam que as células procariotas tenham sido as primeiras a surgirem em nosso planeta. As bactérias e as cianofíceas, ou algas azuis, são seres unicelulares, isolados ou coloniais, que ocupam os mais variados ambientes. As bactérias e as cianofíceas também são os únicos seres vivos que apresentam uma estrutura celular procarionte. Por isso, estão classificados no Reino Monera que lhes é exclusivo. Se analisarmos uma célula procariótica, perceberemos a sua simplicidade estrutural, o material nuclear não fica delimitado por uma membrana, constituindo um núcleo indefinido. Nos seres procariontes, o material nuclear fica espalhado ou disperso pelo citoplasma. Muitas células procariotas possuem uma extraordinária capacidade de adaptação às condições ambientais desfavoráveis. O papel biológico desses pequenos organismos é fundamental para a saúde da biosfera, pois são colonizadores de regiões abióticas, decompositores de matéria orgânica e controlam populações de outros seres vivos. As cianofíceas ou algas azuis realizam a fotossíntese, por isso apresentam uma estrutura um pouco mais sofisticada que a das bactérias; porém, assim como as bactérias, não possuem um núcleo definido, sendo, portanto, procariontes.

:: CÉLULA EUCARIOTAS
Os cientistas acreditam que as células procariotas tenham, por especialização e necessidade de sobrevivência, originado as células eucariotas. Assim, as células eucariotas são mais evoluídas e mais complexas estruturalmente. Isso se comprova pela riqueza de membranas e compartimentos internos, além de organelas e inclusões presentes no citoplasma. Entre as várias membranas internas, podemos citar a carioteca ou membrana nuclear, que abriga no seu interior a maior parte do material genético da célula, constituindo assim um núcleo definido. Os animais, vegetais, fungos e protistas são constituídos por células eucariotas. Porém, também apresentam diferenças entre si. Essas diferenças são especialmente evidentes entre células de animais e vegetais. As células dos animais apresentam o glicocálix sobre a face externa da membrana plasmática, além de lisossomos. As células vegetais, por realizarem a fotossíntese, necessitam de um equipamento celular especial. Possuem um conjunto de plastídeos específicos para a fotossíntese, além de uma parede celular externa de natureza celulósica e grandes vacúolos de suco celular.

:: MEMBRANA PLASMÁTICA
Você conhece o fato de os países possuírem um determinado território, o qual é delimitado por uma fronteira. Desse modo, estabelece-se um limite físico ou uma individualidade para esse território. Teoricamente, através dessa fronteira, pode-se estabelecer um controle do de entrada e saída de pessoas e produtos, pois as nações, assim como as células, não podem existir como sistemas fechados. Apesar de as fronteiras entre países serem imaginárias, podemos usar esta comparação para entendermos um pouco sobre a membrana plasmática, já que a mesma membrana representa um limite físico da célula. Esta membrana mantém o conteúdo interno ou citoplasmático separado, porém não isolado do meio externo, visto que ela possui uma capacidade seletiva quanto ao que entra e sai das células. As membranas celulares são muito delgadas, por exemplo: a membrana plasmática, que mede cerca de 75 Å de espessura, devido a essa dimensão, não são visíveis ao microscópio óptico comum. Os biologistas suspeitavam da existência de uma membrana celular,pois as células quando rompidas modificavam a composição química do meio em que se encontravam. Portanto, deveria existir algo que mantivesse sua individualidade. Apenas neste século, com a utilização de técnicas de microscopia eletrônica, é que foi possível estudá-la adequadamente

A Estrutura da Membrana Plasmática
Para começarmos a estudar a estrutura da membrana plasmática, é necessário conhecermos um pouco de sua composição química. Os lipídios e as proteínas são exemplos de compostos que participam diretamente na formação de membranas celulares. Na verdade, são os principais componentes estruturais de membranas celulares com os lipídios, principalmente os fosfolipídios, totalizando 25% a 40% do total e as proteínas 60% a 75%. Em menor quantidade, podem-se encontrar antígenos, enzimas, glicídios e outras moléculas permanentes ou transitórias. Por isso, as membranas celulares são denominadas lipoprotéicas, pois representam uma associação entre lipídios e proteínas. Em 1954, sabendo-se que uma molécula fosfolipídica da membrana apresenta um pólo de afinidade com a água (hidrófilo) e outro pólo de aversão à água (hidrófobo), os cientistas Dawson e Danielli propuseram um modelo segundo o qual a membrana plasmática seria formada por duas camadas de lipídios revestidas por proteínas.

 

As moléculas de lipídios se arranjariam, de modo que os pólos hidrófobos ficariam no interior da membrana confrontando-se, enquanto os pólos hidrófilos ficariam na parte externa com uma face em contato com o meio intracelular e outra com o meio extracelular. Os pólos hidrófilos estariam recobertos por uma camada fixa de proteínas que se encaixaria nas camadas lipídicas. O modelo admitia a presença de poros para justificar a comunicação da célula com o meio externo. No entanto, o modelo não era satisfatório para explicar todos os aspectos relacionados às necessidades das células e às capacidades da membrana, em especial, a de selecionar o trânsito de substâncias entre a célula e o meio em que ela se encontra. Tal capacidade é denominada de permeabilidade seletiva e é característica de todas as membranas celulares. O modelo estrutural mais aceito atualmente é o proposto pelos cientistas Singer e Nicholson em 1972, e corresponde a um aprimoramento do modelo anterior de Dawson e Danielli. Segundo o modelo de Singer e Nicholson, a bicamada lipídica está presente, como no modelo proposto por Dawson e Danielli, porém as proteínas não estão imersas na bicamada revestindo-a interna e externamente. Na verdade, as proteínas apresentam uma mobilidade especial, podendo se deslocar lateralmente ou atravessar a bicamada lipídica, projetando-se nas superfícies interna ou externa da membrana plasmática. Conclui-se, portanto, que a membrana é relativamente fluida, pois as moléculas de proteínas apresentam certa liberdade de movimentação. Por isso, o modelo de Singer e Nicholson é denominado mosaico fluido. Esse modelo é satisfatório para que as membranas celulares possam exercer todas as suas capacidades e funções, especialmente a sua permeabilidade seletiva. Ao microscópio eletrônico, a membrana plasmática apresenta um aspecto trilaminar característico. São duas lâminas laterais mais densas, correspondendo aos pólos hidrófilos dos lipídios mais as proteínas, e uma lâmina central mais clara, que corresponde aos pólos hidrofóbicos da bicamada lipídica. Este aspecto se repete em todas as membranas da célula, tanto na membrana plasmática quanto na de organelas, como mitocôndrias, cloroplastos, retículo endoplasmático e outros. Diante desse fato, o cientista Robertson criou, no final da década de 50, o termo unidade de membrana, referindo-se ao fato de todas as membranas celulares apresentarem uma estrutura similar.

:: REFORÇOS DA MEMBRANA
Em células de vegetais, células animais, bactérias e de outros seres, pode-se encontrar a superfície externa da membrana com uma série de envoltórios com composição e funções variadas. A parede bacteriana é um envoltório externo de muitas bactérias e tem como principal função a manutenção da forma específica de cada bactéria, protegendo-as das variações osmóticas do meio. A parede celular é o envoltório característico das células vegetais. Ela possui uma composição química complexa e atua principalmente como estrutura esquelética.

O glicocálix é um envoltório externo de células animais formado por glicolipídios e glicoproteínas. Além da função de adesão, o glicocálix tem uma importante função de reconhecimento do meio. Cada célula tem o seu glicocálix característico como uma espécie de "impressão digital da célula". Esta característica permite que as células de um determinado tecido reconheçam-se entre si, limitando o seu crescimento por inibição de contato. As células cancerosas apresentam o seu glicocálix alterado, por isso não param o seu crescimento pelo contato com as células vizinhas, formando então massas celulares que se constituem nos tumores.

:: TRANSPORTE DE MEMBRANA
Transporte através da membrana: Os componentes hidrofóbicos, solúveis nos lipídios, atravessam facilmente a membrana, por ser esta constituída de uma bicamada lipídica , como é o caso dos ácidos graxos, hormônios esteróides e anestésicos. As substâncias hidrófilas, insolúveis nos lipídios, penetram nas células com mais dificuldade, dependendo do tamanho da molécula e também de suas características químicas. A configuração molecular poderá permitir que a substância seja transportada por intermédio de um dos mecanismos especiais desenvolvidos durante a evolução, como o transporte ativo e a difusão facilitada.

Difusão Passiva
Muitas substâncias penetram nas células ou delas saem por difusão passiva, isto é, como a distribuição do soluto tende a ser uniforme em todos os pontos do solvente, o soluto penetra na célula quando sua concentração é menor no interior celular do que no meio externo, e sai da célula no caso contrário. Neste processo não há consumo de energia.

Difusão Facilitada
Algumas substâncias, como a glicose, galactose e alguns aminoácidos têm tamanho superior a 8 Angstrons, o que impede a sua passagem através dos poros. São, ainda, substâncias não solúveis em lipídios, o que também impede a sua difusão pela matriz lipídica da membrana. No entanto, estas substâncias passam através da matriz, por transporte passivo, contando, para isto, com o trabalho de proteínas carreadoras (proteínas transportadoras). A combinação entre a glicose, por exemplo, e a proteína carreadora forma uma combinação lipossolúvel que passa, então, a difundir-se de um lado para outro da membrana. Do outro lado da membrana, a glicose separa-se do carreador, passa para o interior da célula, enquanto o carreador retorna ao meio externo para buscar mais moléculas de glicose. Este processo está esquematizado abaixo:
A velocidade com que a difusão facilitada acontece depende da diferença de concentração de substâncias nos dois lados da membrana, da quantidade de carreadores disponíveis e da velocidade com que as reações se processam. No caso da glicose, a velocidade de sua difusão é grandemente aumentada com a presença de maior quantidade de insulina, hormônio secretado pelo pâncreas. Não se sabe, ainda, se o efeito da insulina está no aumento dos carreadores ou no aumento da velocidade de processamento das reações químicas entre a glicose e o carreador.

Osmose
É um fenômeno de difusão em presença de uma membrana semipermeável. Nele, duas soluções de concentrações diferentes estão separadas por uma membrana que é permeável ao solvente e praticamente insolúvel ao soluto. Há, então, passagem do solvente de onde está em maior quantidade (solução hipotônica) para onde está em menor quantidade (solução hipertônica).

Com esta passagem, verifica-se um aumento da quantidade de água na solução hipertônica, fazendo com que haja maior diluição da solução e, consequentemente, diminuição da sua concentração. Podemos dizer que é a osmose que possibilita isotonia entre uma substância hipertônica e uma hipotônica, com passagem de solvente através de uma membrana semipermeável. Essa pode, inclusive,ser fatal para a célula, como no caso da hemácias que, em presença de soluções pouco concentradas, sofrem hemólise. A presença da parede celular nas células vegetais torna peculiar este fenômeno, onde a célula vegetal, mesmo em meios muito pouco concentrados em relação aos seus vacúolos, não explode ( deplasmólise). Em soluções hipertônicas esses dois tipos de células apresentam, respectivamente, crenação e plasmólise.

Transporte Ativo
Neste caso há consumo de energia e a substância pode ser transportada de um local de baixa concentração para um outro de alta concentração. O soluto na difusão ativa pode ser transportado contra um gradiente. O transporte ativo é bloqueado pelos inibidores da respiração como o dinitrofenol, cianetos, azida, e iodoacetato, inibidores da síntese de ATP.

Transporte em Massa
O transporte em quantidade para dentro da célula, também chamado endocitose, é feito por dois processos denominados fagocitose e pinocitose. Quando a transferência de macromoléculas tem lugar em sentido inverso, isto é, do citoplasma para o meio extracelular, o processo recebe o nome genérico de exocitose.

- Fagocitose: É o nome dado ao processo pelo qual a célula, graças à formação de pseudópodos, engloba, no seu citoplasma, partículas sólidas. A fagocitose é um processo seletivo, conforme pode ser observado no exemplo da fagocitose de paramécios pelas amebas. Nos mamíferos, a fagocitose é feita por células especializadas na defesa do organismo, como os macrófagos.

- Pinocitose: É o nome dado ao processo pelo qual a célula, graças à delgadas expansões do citoplasma, engloba gotículas de líquido. Formam-se assim vacúolos contendo líquido, que se aprofundam no citoplasma tornando-se cada vez menores, o que sugere uma transferência de líquido para o hialoplasma. Muitas células exibem esse fenômeno, como os macrófagos e as células endoteliais dos capilares sangüíneos. No processo da pinocitose formam-se longas projeções laminares da superfície celular, visíveis ao microscópio óptico, que dão origem a vesículas também grandes no processo chamado de macropinocitose. A micropinocitose é de ocorrência mais geral e dá origem a vesículas menores, visíveis somente no microscópio eletrônico.

:: ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA PLASMÁTICA

- Interdigitações: São saliências e reentrâncias da membrana celular que se encaixam em estruturas complementares das células vizinhas.

- Microvilosidades: São especializações apicais da membrana. Elas estão presentes na superfície livre das células do intestino delgado, responsáveis pela absorção de nutrientes. Cada célula intestinal deste tipo possui em média três mil microvilosidades. Em 1 mm2 de superfície intestinal, existem cerca de 200 000 dessas especializações. Elas são evaginações permanentes da membrana com o aspecto digitiforme, que ampliam consideravelmente a superfície de contato da célula com os nutrientes vindos da digestão, para melhorar assim a função de absorção intestinal.

- Desmosomos: Cada desmosomo tem a forma de uma placa arredondada e é constituído pelas membranas de duas células vizinhas. Devido à função de adesão e à sua distribuição descontínua, o desmosomo é também chamado de macula adherens.

- Zônula de Adesão: É uma formação encontrada em certos epitélios de revestimento, circundando a parte apical das células. Sua estrutura é semelhante à dos desmosomas, porém a zônula de adesão é um cinto contínuo em volta da célula. As suas funções são promover a adesão entre as células e oferecer local de apoio para os filamentos que penetram nos microvilos das células epiteliais com orla em escova.

- Zônula Oclusiva: É uma faixa contínua em torno da zona apical de certas células epiteliais que veda completamente o trânsito de material por entre as células. Outra função da zônula oclusiva, também chamada junção oclusiva, é permitir a existência de potenciais elétricos diferentes, conseqüência de diferenças na concentração iônica entre as duas faces da lâmina epitelial.

- Complexo Juncional: Está presente em vários epitélios próximo à extremidade celular livre, sendo constituído dos seguintes elementos: zônula oclusiva, zônula de adesão e uma fileira de desmosomas. O complexo juncional é uma estrutura de adesão e vedação.

Retículo Endoplasmático
É uma rede de estruturas tubulares e vesiculares achatadas, sendo que os túbulos e as vesículas são interconectados uns aos outros. Por outro lado, suas paredes são formadas por membranas de bicamadas lipídicas, contendo grandes quantidades de proteínas, de forma semelhante à membrana celular. Podemos distinguir dois tipos de retículo endoplasmático: o retículo endoplasmático rugoso ou granular (RER) e o retículo endoplasmáticos liso ou agranular (REL). O RER também é chamado de ergastoplasma e é formado por sacos achatados, cujas membranas têm aspecto rugoso devido à presença de grânulos (ribossomos) aderidos à sua superfície externa, voltada para o citosol. O REL é formado por estruturas membranosas tubulares, sem ribossomos aderidos e, portanto, de superfície lisa.

Funções do Retículo Endoplasmático:

- Produção de Lipídios: A lecitina e o colesterol são exemplos de componentes lipídicos que existem em todas as membranas celulares e são produzidas no REL. Outros tipos de lipídios produzidos são os hormônios esteróides, dentre os quais estão a testosterona e o estrógeno (hormônios sexuais produzidos nas células das gônadas de animais vertebrados);

- Desintoxicação: O REL participa dos processos de desintoxicação do organismo, sendo que nas células do fígado as substâncias tóxicas são absorvidas e posteriormente são modificadas ou destruídas, de modo a não causarem danos ao organismo. A atuação do retículo das células hepáticas permitem eliminar parte do álcool, medicamentos e outras substâncias potencialmente nocivas que ingerimos.

- Armazenamento de Substâncias: Os vacúolos das células vegetais são exemplos de bolsas membranosas derivadas do REL que crescem pelo acúmulo de soluções aquosas ali armazenadas.

- Produção de Proteínas: As proteínas fabricadas no RER (devido à presença dos ribossomos) penetram nas bolsas e se deslocam em direção ao aparelho de Golgi, passando pelos estreitos e tortuosos canais do REL.

Ribossomos
Ribossomos são os locais de síntese de proteína. Eles não são limitados por membranas e portanto ocorrem tanto em procariontes quanto em eucariontes. Os Ribossomos de Eucariontes são ligeiramente maiores que os de procariontes. Estruturalmente, o ribossomo consiste em uma sub-unidade pequena e outra maior. Bioquimicamente o ribossomo consiste em RNA ribossômico (RNAr) e umas 50 proteínas estruturais. Freqüentemente os ribossomos crescem em cachos no retículo de endoplasmático, eles se assemelham a uma série de fábricas que juntam formando algo parecido com uma via férrea.

Complexo de Golgi
O complexo de Golgi está presente em praticamente todas as células eucariontes e em geral é formado por quatro ou mais camadas empilhadas de delgadas vesículas achatadas chamadas de dictiossomo, que situam-se próximas ao núcleo.

Funções do Complexo de Golgi:

- Secreção de Enzimas Digestivas: As enzimas digestivas do pâncreas são exemplo de enzimas produzidas no RER e levadas até as bolsas do complexo de Golgi, onde são empacotadas em pequenas bolsas, que se desprendem dos dictiossomos e se acumulam em um dos pólos da célula pancreática. A produção de enzimas digestivas pelo pâncreas é apenas um entre muitos exemplos do papel do complexo de Golgi nos processos de secreção celular.

- Formação do Acrossomo do Espermatozóide: O acrossomo é uma bolsa de enzimas digestivas do espermatozóide maduro, que irão perfurar as membranas do óvulo e permitir a fecundação.


- Formação da Lamela Média em Células Vegetais: A lamela média é a primeira membrana que separa duas células recém - originadas da divisão celular. Os dictiossomos acumulam o polissacarídio pectina, que é eliminado entre as células – irmãs recém – formadas, constituindo a primeira separação entre elas e, mais tarde, a lâmina que as mantém unidas.

Lisossomos
Os lisossomos são bolsas circundadas por típica membrana de bicamada lipídica e cheias com grande número de pequenos grânulos, que são agregados protéicos de enzimas hidrolíticas (digestivas) capazes de digerir diversas substâncias orgânicas. São originados no complexo de Golgi e estão presentes em praticamente todas as células eucariontes.

Tipos de Lisossomos:

- Lisossomo Primário: É o lisossomo propriamente dito, ou seja, a vesícula possuindo no seu interior as enzimas digestivas.

- Lisossomo Secundário: Denomina-se também de Vacúolo Digestivo e resulta da fusão do lisossomo primário com a partícula englobada.

- Corpúsculo Residual: É a vesícula lisossômica que por exocitose elimina na periferia celular o material não assimilado.

- Vacúolo Autofágico: É quando a vesícula lisossômica digere uma partícula pertencente à própria célula. A autofagia é uma atividade indispensável à sobrevivência da célula.


Funções dos Lisossomos:

- Digestão Intracelular: A digestão ocorrerá no interior dos vacúolos digestivos, que são bolsas originadas pela fusão do lisossomo com o fagossomo ou pinossomo e contêm partículas capturadas do meio externo.A digestão intracelular pode ser classificada em: Autofagia – quando os lisossomos digerem uma partícula pertencente à própria célula e Heterofagia – quando a partícula digerida pelos lisossomos é proveniente do meio extracelular.
- Desaparecimento da Cauda do Girino: A regressão da cauda dos girinos se dá pela autodestruição de células pelas enzimas lisossômicas. O material resultante da autodigestão da cauda entra na circulação sangüínea e é reutilizado.

- Autofagia Pós – Morte

Vacúolos

Qualquer pedaço no citoplasma delimitado por um pedaço de membrana lipoprotéica. As variedades mais comuns são: " Vacúolos relacionados com a digestão intracelular " vacúolos contráteis (ou pulsáteis) " vacúolos vegetais As inclusões São formações não vivas existentes no citoplasma, como grãos de amido gotas de óleo. O conjunto de inclusões denomina-se paraplasma. A seqüência das estruturas formadas durante a digestão intracelular é: Vacúolo alimentar, Vacúolo digestivo e Vacúolo residual.

Peroxissomos
Os peroxissomos são, em termos físicos, semelhantes aos lisossomos, mas diferem em dois aspectos importantes: Primeiro acredita-se que sejam formados por auto – replicação (ou talvez por brotamento do REL) e não pelo complexo de Golgi; Segundo que eles contêm oxidases e não hidrolases. Além de conterem enzimas que degradam gorduras e aminoácidos, têm também grandes quantidades da enzima catalase, que converte o peróxido de hidrogênio ( água oxigenada ) em água e gás oxigênio.


Os peroxissomos estão presentes em grandes quantidades nas células de defesa como os macrófagos e também existem nas células vegetais, onde participam do processo da fotorespiração. A função dos peroxissomos no metabolismo celular ainda é pouco conhecida, mas acredita-se que participem dos processos de desintoxicação da célula.


Mitocôndrias (Condrioma)

As mitocôndrias são formadas principalmente por duas bicamadas lipídicas: uma membrana externa e outra membrana interna. Enquanto a membrana externa é lisa, a membrana interna possui inúmeras pregas chamadas cristas mitocondriais, nas quais se fixam enzimas oxidativas. A cavidade interna das mitocôndrias é preenchida por um fluido denominado matriz mitocondrial contendo grande quantidade de enzimas dissolvidas, necessárias para a extração de energia dos nutrientes. As mitocôndrias são verdadeiras “casas de força” das células, pois produzem energia para todas as atividades celulares. Sua composição química é riquíssima, notando-se principalmente a presença de DNA, RNA, proteínas, carboidratos, enzimas, ATP (adenosina – trifosfato), ADP (adenosina – difosfato), etc. São encontradas nas células eucariontes, sendo substituídas pelos mesossomos nas bactérias. No interior das mitocôndrias ocorre a respiração celular, que é o processo em que moléculas orgânicas de alimento reagem com gás oxigênio, transformando – se em gás carbônico e água e liberando energia. Toda mitocôndria surge da reprodução de uma outra mitocôndria, sendo que a divisão da mitocôndria denomina-se Condrocinese ou Condrogênese.

Funções da Mitocôndria:
- Produção de Energia;
- Respiração Celular através do Ciclo de Krebs e da Cadeia Respiratória.

Origem das Mitocôndrias:
Durante os anos oitenta, Lynn Margulis propôs a teoria da endosimbiose para explicar a origem das mitocôndrias e cloroplastos de procariontes. De acordo com esta idéia, um procarionte maior engolfou ou cercou um procarionte menor há uns 1.5 bilhão ou 700 milhões de anos atrás.Em vez de digerir o organismo menor, o grande e o pequeno entraram em um tipo de simbiose conhecido como mutualismo, em que ambos os organismos se beneficiam e nenhum é danificado. O organismo maior ganhou excesso de ATP fornecido pela "protomitocôndria" e açúcar em excesso fornecidos pelo " protocloroplasto ", enquanto fornecia um ambiente estável e as matérias-primas que o endosimbionte requeria. Esta relação é tão forte que agora células de eucarionte não podem sobreviver sem mitocôndria (igualmente eucariontes fotossintéticos não podem sobreviver sem cloroplastos), e os endosimbiontes não podem sobreviver fora dos anfitriões. Quase todos eucariontes têm mitocôndria.

Plastos
Os plastos são orgânulos citoplasmáticos encontrados nas células de plantas e de algas. São classificados em:

- Cromoplastos: São plastos coloridos que armazenam pigmentos.

Plastos
Pigmentos
Cor
Cloroplastos Clorofila Verde
Xantoplastos Xantofila Amarelo
Eritroplastos Eritrofila Vermelho
Cianoplastos Cianofila Azul
Feoplastos Feofila Parda

- Leucoplastos : São plastos incolores que armazenam substâncias nutritivas como os Amiloplastos (amido), os Oleoplastos (óleos) e os Proteoplastos (proteínas).

Os cloroplastos são orgânulos citoplasmáticos discóides que apresentam duas membranas envolventes e inúmeras membranas internas, que formam pequenas bolsas discoidais e achatadas chamadas tilacóides. Os tilacóides se organizam uns sobre os outros e formam estruturas cilíndricas que lembram pilhas. Cada pilha é um granum, que significa grào em latim. O espaço interno do cloroplasto é preenchido por um fluido viscoso chamado estroma, que corresponde à matriz das mitocôndrias e contém DNA, enzimas e ribossomos. Os cloroplastos são as centrais energéticas da própria vida.

Funções dos Plastos:
- Participação da Fotossíntese (Cromoplastos);
- Armazenamento de Substâncias Nutritivas (Leucoplastos).

Nas células meristemáticas encontramos uma vesícula primitiva denominada Proplasto, que na presença de luz evolui para cromoplasto e na ausência de luz evolui pra leucoplasto. Os proplastos são pequenas bolsas esféricas, contendo em seu interior DNA, enzimas e ribossomos, mas não há tilacóides e nem clorofila. São capazes de se dividir e são herdados de geração em geração celular.

Centríolos
Os centríolos são estruturas citoplasmáticas que estão presentes na maioria dos organismos eucariontes, com exceção das plantas angiospermas (frutíferas). O centríolo é um cilindro cuja parede é constituída por nove conjuntos de três microtúbulos e geralmente ocorrem aos pares nas células. Os centríolos são desprovidos de membrana, são constituídos por túbulos de natureza protéica (tubulina) e recebem inúmeras denominações de acordo com as funções que exercem como: diplossomos, áster, cinetossomo, blefaroplastos, etc. Os centríolos originam estruturas locomotoras denominadas cílios e flagelos, que diferem entre si quanto ao comprimento e número por célula e possuem um eixo de sustentação chamado axonema (envolvido por uma membrana lipoprotéica).Os flagelos são longos e pouco numerosos e executam ondulações que se propagam da base em direção a extremidade livre. Os cílios são curtos e muito numerosos e executam um movimento semelhante ao de um chicote, com a incrível freqüência de 10 a 40 batimentos por segundo.

Funções de Cílios e Flagelos:
- Locomoção da Célula;
- Movimentação de Líquido Extracelular;
- Limpeza das Vias Respiratórias.


Função dos Centríolos:
- Orientar a Divisão Celular, pois originam uma estrutura denominada fuso mitótico, onde se prendem os cromossomos;
- Originar Cílios e Flagelos.

Flagelos trabalham como chicotes que puxam (como nas Chlamydomonas ou Halosphaera) ou empurrando (dinoflagellates, um grupo de Protista unicelular) o organismo pela água. Cílios trabalham como remos em um navio viking (o Paramecium tem 17,000 cílios, cobrindo sua superfície exterior, que remam dando-lhe movimento).

BIBLIOGRAFIA:
. BÚSSOLA ESCOLAR – www.bussolaescolar.com.br