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:: HEPATITE AGUDA
A hepatite aguda
é uma inflamação súbita do fígado provocada
por diversos vírus — entre eles, os que são denominados
A, B e C. Esses agentes infecciosos são também responsáveis
por outras doenças, cujos sintomas se assemelham aos da hepatite.
Esse é o caso, por exemplo, da icterícia, que apresenta
fezes claras, urina escura, perda de energia, perda de apetite e febre.
No entanto, existem diferenças consideráveis no prognóstico
e na forma como essas moléstias são transmitidas.
Hepatite A
A hepatite A é transmitida de uma pessoa para outra em conseqüência
de hábitos de higiene precários ou do consumo de água
ou alimentos contaminados. É muito comum nos países em desenvolvimento
ou regiões pobres, que têm sistemas de saneamento básico
inadequados. Os primeiros sinais da doença são parecidos
com os de outras infecções por vírus: dores nos músculos
e articulações, febre, dor de cabeça e fraqueza;
mas os sintomas que mais chamam a atenção são a perda
de apetite e a náusea. Em algumas pessoas, a doença não
apresenta sintomas, mas freqüentemente favorece o desenvolvimento
de icterícia após alguns dias. Em geral, a hepatite desaparece
sem tratamento no prazo de duas a oito semanas, mas a falta de ânimo
ou motivação poderá prolongar o período de
recuperação por mais algumas semanas ou meses. Um número
pequeno de casos pode evoluir rapidamente, levando à insuficiência
hepática e à morte.
Hepatite B e C
As hepatites B e C passam de uma pessoa para outra de duas formas principais:
contato com sangue infectado e atividades sexuais — os surtos causados
pelo abastecimento de água contaminada já não são
tão freqüentes. Até meados da década de 80,
essas formas de hepatite eram geralmente transmitidas por transfusão
de sangue ou pelo uso de derivados de sangue no tratamento de alguns distúrbios
(como o fator VIII para a hemofilia); mas, atualmente, esse risco foi
praticamente eliminado com a prática de exames que verificam as
condições de saúde dos doadores e a utilização
da engenharia genética na produção de material sanguíneo
seguro. A infecção ainda é freqüente, mas ataca
especialmente usuários de drogas que compartilham agulhas, podendo
ser transmitida, também, por tatuadores e acupunturistas que não
esterilizam seus equipamentos. As hepatites B e C representam um risco
ocupacional para médicos, enfermeiras e profissionais de saúde
que entram freqüentemente em contato com sangue.
A hepatite B — e em menor grau a hepatite C —,
assim como outras moléstias sexualmente transmissíveis,
ocorrem freqüentemente em prostitutas e homossexuais masculinos que
têm muitos parceiros. A hepatite B, e provavelmente a C, pode ser
transmitida por uma mulher grávida para o seu feto.
O sangue de uma pessoa com hepatite B ou C é
altamente infeccioso durante o período de incubação
(seis a 12 semanas, em média, entre o instante em que a pessoa
é contaminada e o momento em que aparecem os primeiros sintomas)
e também depois que, aparentemente, a doença desapareceu
— algumas pessoas tornam-se portadoras desses vírus pelo
resto da vida.
O risco de uma hepatite crônica ativa, progressiva
e com risco de vida é maior entre as pessoas infectadas com a hepatite
B e C.
Quais são os riscos?
Atualmente, os bancos de sangue realizam rotineiramente
testes de triagem para os dois tipos de hepatite transmitidos pelo sangue.
Esse cuidado tem diminuído os índices de contaminação
por transfusão. Existe uma vacina contra a hepatite B. A hepatite
A ainda representa uma ameaça para pessoas que viajam para regiões
remotas de países em desenvolvimento; se você estiver planejando
uma viagem assim, converse antes com um médico. É possível
fazer um exame de sangue para verificar se você é imune;
caso não seja, a imunização com gamaglobulina fornecerá
proteção contra a hepatite A por alguns meses.
O que deve ser feito?
Se o médico suspeitar de hepatite viral, ele
fará perguntas relacionadas aos fatores de risco e um exame físico;
além disso, solicitará exames de sangue específicos.
É importante identificar o vírus responsável e o
grau de dano à função hepática para avaliar
a gravidade potencial da doença. Os exames de sangue podem ser
repetidos a intervalos regulares para monitorar qualquer lesão
no fígado. Para reduzir o risco de contrair hepatite por contato
sexual, veja o ícone Dicas de auto-ajuda.
Qual é o tratamento?
Você só saberá qual é o
vírus responsável pela hepatite depois de conhecidos os
resultados dos exames de sangue, devendo presumir que as fezes e todos
os fluidos corporais são infecciosos. Se estiver se recuperando
em casa e usar a comadre, descarte as fezes diretamente nas instalações
sanitárias; em seguida, dê a descarga, esterilize a comadre
e lave suas mãos meticulosamente. Uma pessoa infectada pode, contudo,
compartilhar o banheiro com os outros membros da família. Todas
as peças de vestuário ou da roupa de cama devem ser lavadas
em água quente, com detergente e alvejante. O banheiro e os pisos
devem ser lavados meticulosamente, e com freqüência, com água
quente e desinfetante adequado.
Se os sintomas são brandos, provavelmente o médico
recomenda que a pessoa permaneça em casa durante várias
semanas, siga uma dieta rica em proteínas e carboidratos e descanse
bastante. A ingestão de álcool é proibida. Se os
sintomas são mais graves, ou se os exames laboratoriais indicarem
dano hepático, o paciente pode ser hospitalizado e submetido à
biópsia do fígado. O tratamento pode incluir corticosteróides
ou agentes antivirais, como interferons.
:: HEPATITE CRÔNICA
Qualquer pessoa que tenha tido Hepatite aguda pode desenvolver uma hepatite
crônica. No entanto, o risco aparentemente é maior para aqueles
que foram afetados pela hepatite do tipo C — 50% dos que tiveram
a forma aguda são, posteriormente, afetados pela crônica
— e menor para os que adquiriram a do tipo B. No entanto, muitas
pessoas desenvolvem a forma crônica sem ter apresentado anteriormente
uma hepatite aguda evidente. Nesses casos, pode ter sido provocada por
causas menos comuns de inflamação hepática ou por
reações a medicamentos, entre eles a isoniazida, que é
usada no tratamento da tuberculose.
A hepatite crônica é habitualmente classificada
em dois tipos principais: a persistente e a ativa — em ambas, o
organismo gera uma resposta do sistema imunológico que pode danificar
as células do fígado. Na primeira, a doença progride
lentamente, e o paciente, em geral, mantém uma boa saúde,
sendo improvável o desenvolvimento de cirrose. Mas a hepatite crônica
ativa é menos previsível; eventualmente, ocorre uma destruição
contínua e progressiva das células hepáticas, o que
leva à cirrose. Em alguns pacientes, a doença às
vezes surge e desaparece repetidamente; outras pessoas, no entanto, reagem
bem ao tratamento e os sintomas desaparecem.
A gravidade da hepatite crônica ativa varia de
um caso para outro. Algumas pessoas não têm sintomas da doença
durante longos períodos, mas ocasionalmente apresentam episódios
de icterícia, dores nas articulações, náuseas,
febre e perda de apetite. Em alguns casos raros, pacientes com hepatite
B crônica apresentam crises agudas causadas pelo vírus Delta,
que afeta exclusivamente pessoas já contaminadas pelo vírus
B. Há registros, também, de pacientes que não têm
nenhum sintoma, mas apresentam uma leve inflamação do fígado
durante muitos anos — quando isso ocorre, a doença só
pode ser detectada por exames de sangue.
O que deve ser feito?
O médico pode suspeitar de uma forma de hepatite
crônica se o estado geral do paciente permanecer insatisfatório
após uma crise aguda de icterícia e os resultados dos exames
de sangue para a função hepática continuarem anormais.
Também é possível detectar a condição
em exames laboratoriais para investigar sintomas vagos como perda de ânimo
e falta de apetite. Depois de confirmado o diagnóstico, o médico
provavelmente recomendará uma biópsia do fígado (procedimento
no qual uma pequena amostra de tecido é removida para exame microscópico),
para avaliar a natureza e a gravidade da inflação e estudar
a melhor forma de tratamento.
Dependendo do quadro clínico geral e dos resultados
da biópsia, o médico poderá tranqüilizar o paciente
informando que a doença provavelmente desaparecerá sem tratamento.
Ou, para prevenir o desenvolvimento de cirrose hepática, poderá
prescrever uma droga imunossupressora, como a azatioprina, ou um agente
antiviral como o interferon.
A maioria das pessoas com hepatite crônica ativa
se recupera dentro de um a três anos. Quando isso não ocorre,
desenvolvem Cirrose hepática.
Cirrose hepática
A cirrose é uma doença crônica que provoca uma lenta
deterioração do fígado. A lesão hepática
tem diversas causas e altera a estrutura do órgão, substituindo
as células saudáveis por tecido cicatrizado; o fígado
torna-se, então, menos capaz de realizar suas várias funções.
A causa mais comum da doença é o alcoolismo.
Algumas das outras causas possíveis são: desnutrição,
hepatite, parasitas, produtos químicos tóxicos, reação
a medicamentos e insuficiência cardíaca congestiva.
Quais são os sintomas?
Nos estágios iniciais da doença —
quando ainda existem numerosas células hepáticas saudáveis
—, não há sintomas ou eles são brandos. No
entanto, à medida que a moléstia progride, tornam-se acentuadas
as perdas de apetite e de peso, náuseas, vômitos e distensão
abdominal. Há uma maior tendência ao sangramento e a contusões;
pequenas marcas vermelhas denominadas nevos arâneos podem aparecer
na face, braços e parte superior do tronco.
Nos estágios mais avançados, é
possível a ocorrência de Icterícia. Os homens podem
perder o interesse sexual, suas mamas crescem e eles se tornam impotentes;
as mulheres geralmente param de menstruar. Finalmente, existe a possibilidade
de desenvolver uma insuficiência hepática. Os sintomas mais
comuns são: retenção de fluidos no abdome e nos tornozelos,
irritabilidade e falta de concentração; a memória
fica comprometida e as mãos tremem de forma perceptível.
A pessoa afetada apresenta também um quadro de confusão
e sonolência, que se intensificam e levam ao coma à medida
que a condição se agrava. Pode ainda ocorrer sangramento
intenso, com risco de vida, devido ao alargamento das veias do esôfago.
Quais são os riscos?
Se a cirrose for uma complicação da hepatite
crônica ativa, o prognóstico para recuperação
será ruim. Por outro lado, uma pessoa que bebe muito e desenvolve
os sinais de cirrose precoce tem excelentes perspectivas de recuperação
desde que pare definitivamente de beber e siga a orientação
médica.
A rapidez com que a doença progride varia de
acordo com as circunstâncias. Se for detectada em estágio
inicial, é possível retardar a progressão seguindo
rigorosamente o tratamento. Mas, se o paciente não desistir do
álcool, é muito provável que venha a sofrer de insuficiência
hepática. A cirrose também aumenta as chances de sangramento
intenso no trato digestivo — esse tipo de reação dificilmente
pode ser controlada e poderá provocar uma hemorragia fatal, causada
por perda de sangue ou por insuficiência hepática desencadeada
pelo sangramento. Muito raramente, aparece um tumor no fígado como
resultado da cirrose.
O que deve ser feito?
Consulte um médico se suspeitar de cirrose;
essa é uma possibilidade plausível se você costuma
consumir álcool regularmente e em grande quantidade, ou se tiver
hepatite crônica, seja qual for a causa. Em geral, um exame físico
é suficiente para o diagnóstico, embora seja recomendada
a realização de exames de sangue e uma biópsia do
fígado, na qual uma pequena amostra do órgão é
removida e examinada para avaliar a extensão da lesão. Pessoas
com problemas de alcoolismo devem conversar com o médico para saber
se a lesão hepática ainda poderá ser revertida caso
parem de beber.
Qual é o tratamento?
Auto-ajuda: qualquer que seja a causa primária
da cirrose, é fundamental que a pessoa pare de consumir bebidas
alcoólicas imediatamente. Se a doença for provocada pelo
álcool e a pessoa parar de beber, ela poderá levar uma vida
relativamente ativa; mas suas chances diminuem e seu estado vai certamente
piorar se continuar a beber. Nessa condição, o fígado
torna-se particularmente sensível ao álcool; por isso, a
ingestão de qualquer bebida que contenha essa substância
deve ser considerada um ato suicida.
Se suspeitar ter se tornado dependente de álcool,
consulte um médico o quanto antes e discuta a questão com
franqueza. Existem várias maneiras de tratar o alcoolismo, mas
enquanto a pessoa não admitir o problema e não for capaz
de enfrentá-lo, ninguém poderá ajudá-la. A
omissão e a negação poderão lhe custar a vida.
Nenhum medicamento ou remédio deve ser tomado
sem aprovação do médico. É importante, ainda,
seguir uma dieta nutritiva e balanceada, que contenha a quantidade adequada
de proteína, muitos carboidratos e vitaminas, mas também
baixo teor de sal (sódio).
Ajuda profissional: o médico pode prescrever
medicamentos para aliviar os sintomas da cirrose, mas eles não
reverterão o curso da doença. Os diuréticos reduzem
os fluidos do organismo e os antiácidos ajudam a aliviar o mal-estar
abdominal. Para evitar a desnutrição, geralmente são
receitados suplementos vitamínicos. Dependendo da causa da cirrose,
também podem ser prescritos corticosteróides ou outros medicamentos
imunossupressores. Se a pessoa vomitar sangue, pode ser necessária
uma transfusão de sangue ou mesmo cirurgia.
A hospitalização é necessária
para complicações, como acúmulo excessivo de fluidos,
sangramento gastrointestinal ou coma. Caso contrário, o tratamento
será direcionado para o alívio dos sintomas.
Os prognósticos de cura para um paciente nos
estágios finais de cirrose ou de destruição hepática
resultante de determinados venenos ou toxinas melhoraram significativamente,
graças a alguns avanços recentes nos transplantes de fígado.
Uma pessoa com cirrose causada por hepatite crônica ativa ou um
distúrbio conhecido como cirrose biliar primária, poderá
voltar a ter uma vida ativa após um transplante de fígado
bem-sucedido. O transplante é recomendado com menos freqüência
para aqueles que apresentam um quadro de cirrose avançada causada
pelo álcool, pois esta substância também pode ter
provocado lesões no coração, cérebro e em
outros órgãos. Contudo, existem registros de transplantes
bem-sucedidos em pessoas que pararam definitivamente de beber.
SAIBA MAIS SOBRE A HEPATITE
INTRODUÇÃO
Casos de hepatite são descritos desde 1850 com
o nome de icterícia epidêmica. Mas existem relatos da hepatite
já no quinto século AC. Portanto, desde há muito
tempo o homem convive com as doenças infecciosas. A mais antiga
das hepatites é a hepatite B, também conhecida como "hepatite
por soro homólogo", pelos mais conservadores. O antígeno
austrália, presente na superfície do vírus, só
foi isolados em 1963, e a partir daí uma série de progressos
foram feitos, até a descoberta de uma vacina realmente eficaz ocorrida
na década de 90. A hepatite A ou "hepatite infecciosa",
foi descoberta em1973. Conhecida erroneamente por muitos como sendo uma
"hepatite boazinha", mata mais de 100 mil pessoas por ano nos
EUA. No entanto, sua forma mais comum de transmissão é através
da água e alimentos contaminados. Nesse particular, as infecções
cruzadas no consultório pela hepatite A são raríssimas.
A mais recente e temida das hepatites é a hepatite C descoberta
em 1989. Até então era chamada de hepatite não A
não B. Acredita-se que no mundo mais de 500 milhões de pessoas
sejam portadores desse tipo de hepatite. Quase metade dessas pessoas vai
adquirir em alguns anos, cirrose e câncer. É preocupante.
:: HEPATITE VIRAL
A hepatite viral é uma das doenças mais
prejudiciais em todo o mundo, seja pelo número significativo de
doentes e sua grande mortalidade, e pelo enorme volume de recursos médicos
e econômicos necessários ao seu tratamento. A hepatite é
conhecida há mais de 200 anos, mas somente nas últimas décadas,
a identificação de seus sintomas específicos tem
facilitado diagnósticos precisos. A doença se caracteriza
por um processo inflamatório no fígado, que pode ser produzido
por agentes virais que tenham uma afinidade especial por este órgão,
como os vírus A, B, C, D e E, e outros como o Citomegalovirus,Espeten-Barr,
Coxackie etc. Estes últimos se apresentam com freqüência
muito menor. A hepatite pode ainda ser causada por bactérias, drogas,
toxinas e álcool. A doença causada pelos diferentes tipos
de vírus é clinicamente semelhante, mas o modo de transmissão
e evolução é diferente para cada vírus. Os
danos às células do fígado parecem ser determinados
pelo tipo de resposta gerada pelo hóspede.
Quadro clínico
Independentemente da causa, as seguintes formas clínicas
podem ser distinguidas:
. Hepatite ictérica aguda ou comum
Este tipo de hepatite começa com manifestações
gastrintestinais inespecíficas, como náuseas, vômitos,
falta de apetite, dor abdominal e febre, embora não sejam constantes.
Posteriormente, estes sintomas se acentuam, agregando-se dores musculares
e de cabeça, e faringite naqueles que têm hepatite A. A urina
se torna escura e as fezes perdem sua cor normal, tornando-se esmaecidas.
Entre duas e três semanas após o começo do quadro,
a pele, os olhos e a boca adquirem uma coloração amarelada
(a icterícia), os sintomas inespecíficos se atenuam ou desaparecem.
Algumas crianças sofrem de uma intensa coceira e, como conseqüência,
lesões. O começo súbito dos sintomas indica hepatite
A, enquanto um começo lento e insidioso indica hepatite B. Em geral,
a evolução da doença não dura mais do que
4 ou 6 semanas; são poucos os casos que se prolongam até
três meses.
. Hepatite anictérica
Esta forma clínica parece ser a forma mais freqüente
de todas as hepatites virais. Sua freqüência exata é
difícil de estabelecer porque não se apresenta acompanhada
dos sintomas mencionados acima, e somente com um controle bioquímico
é que se pode identificá-la. Geralmente não se observam
sintomas.
. Hepatite colestática
É a forma menos freqüente, tanto
nas crianças quanto nos adultos. Caracteriza-se por uma intensa
coloração amarelada da pele, da boca e dos olhos, febre
e coceira intensa. Seu curso geralmente é prolongado, de 2 a 6
meses, mas não deixa seqüelas.
. Hepatite prolongada
Quando as manifestações clínicas
permanecem por períodos de tempo que superam os três meses,
às vezes até um ano.
. Hepatite fulminante ou subfulminante
A hepatite fulminante se apresenta duas semanas depois
do começo da icterícia, enquanto a subfulminante começa
entre duas semanas e três meses. Os sintomas são: incremento
da icterícia, alterações do sistema nervoso, da coagulação
e diminuição do tamanho do fígado. Em adultos, os
vírus responsáveis, em ordem de freqüência, são:
B, D, A, E e C. Na idade pediátrica o Vírus A é o
responsável por 55% dos casos.
Distribuição
. Hepatite A
Existe uma variação considerável
na prevalência da infecção pelo vírus da Hepatite
A em diferentes partes do mundo. Em áreas com condições
sanitárias precárias e baixos nível socioeconômico
é mais elevado, devido à forma de transmissão fecal-oral
(contaminação dos alimentos pelas fezes de uma pessoa infectada).
Sua incidência é independente do sexo e da raça. O
período de incubação varia entre 15 e 40 dias. Devido
à forma de transmissão, é comum a ocorrência
de casos por contato familiar, nas escolas, instituições
de menores etc. Também ocorre quando a água potável
ou os alimentos são contaminados, especialmente os mariscos. Outra
possibilidade de contágio é no caso de ausência de
uma higiene adequada, ou manipulação por pessoas infectadas
ou em fase de incubação.
. Hepatite B
A Hepatite B é considerada um grande problema
de saúde pública mundial por causa de sua distribuição
global, pelo grande número de portadores do vírus e por
sua relação com o câncer do fígado. É
a responsável por doenças hepáticas de longa evolução.
O período de incubação é de aproximadamente
45 a 160 dias, com uma média de 120 dias. Os dados em relação
à infecção pelo vírus da Hepatite B no mundo,
são:
. Mais de 300 milhões de portadores crônicos.
. Mais de 100 milhões de pessoas infectadas anualmente.
. Mais de 2 milhões de casos fatais por ano.
A via predominante de transmissão é por
contato sexual ou por produtos sangüíneos (transfusões,
viciados em drogas que usam a via intravenosa). O vírus está
presente no sangue e seus derivados e em todos os fluidos corporais (saliva,
urina, líquido seminal, secreções vaginais, lágrimas,
suor, leite), com a exceção das fezes.
. Hepatite C
O vírus da Hepatite C tem uma distribuição
universal e calcula-se que existam 100 milhões de portadores. A
via principal de transmissão é através de produtos
hemoderivados, ocorrendo o Vírus C em 80%-90% das hepatites por
transfusões sangüíneas. A Hepatite C é uma complicação
freqüente nos pacientes que tenham alterações de coagulação,
com elevada incidência em hemofílicos.
. Hepatite D
As vias de transmissão são as mesmas
do Vírus B. Se as condições higiênicas são
ruins, aumenta a sua difusão através dos fluidos corporais
contaminados. Quando afeta as crianças, é acompanhada de
uma alta taxa de mortalidade, entre 10% e 20%.
. Hepatite E
Encontra-se em áreas tropicais e subtropicais
com condições socioeconômicas deficientes. Sua transmissão
sempre ocorre pela contaminação da água com fezes
que contém o Vírus E. Afeta, na maioria, jovens-adultos(15-40
anos), sendo baixa a ocorrência em crianças.
:: HEPATITE CRÔNICA
Qualquer pessoa que tenha tido hepatite viral pode desenvolver uma hepatite
crônica. No entanto, o risco aparentemente é maior para aqueles
que foram afetados pela hepatite do tipo C — 50% dos que tiveram
a forma aguda são, posteriormente, afetados pela crônica
— e menor para os que adquiriram a do tipo B. No entanto, muitas
pessoas desenvolvem a forma crônica sem ter apresentado anteriormente
uma hepatite aguda evidente. Nesses casos, pode ter sido provocada por
causas menos comuns de inflamação hepática ou por
reações a medicamentos, entre eles a isoniazida, que é
usada no tratamento da tuberculose.
A hepatite crônica é habitualmente classificada
em dois tipos principais: a persistente e a ativa — em ambas, o
organismo gera uma resposta do sistema imunológico que pode danificar
as células do fígado. Na primeira, a doença progride
lentamente, e o paciente, em geral, mantém uma boa saúde,
sendo improvável o desenvolvimento de cirrose. Mas a hepatite crônica
ativa é menos previsível; eventualmente, ocorre uma destruição
contínua e progressiva das células hepáticas, o que
leva à cirrose. Em alguns pacientes, a doença às
vezes surge e desaparece repetidamente; outras pessoas, no entanto, reagem
bem ao tratamento e os sintomas desaparecem.
A gravidade da hepatite crônica ativa varia de
um caso para outro. Algumas pessoas não têm sintomas da doença
durante longos períodos, mas ocasionalmente apresentam episódios
de icterícia, dores nas articulações, náuseas,
febre e perda de apetite. Em alguns casos raros, pacientes com hepatite
B crônica apresentam crises agudas causadas pelo vírus Delta,
que afeta exclusivamente pessoas já contaminadas pelo vírus
B. Há registros, também, de pacientes que não têm
nenhum sintoma, mas apresentam uma leve inflamação do fígado
durante muitos anos — quando isso ocorre, a doença só
pode ser detectada por exames de sangue. A maioria das pessoas com hepatite
crônica ativa se recupera dentro de um a três anos. Quando
isso não ocorre, desenvolvem Cirrose hepática.
Tratamento
O tratamento se baseia no emprego de medidas simples
de alívio dos sintomas e, em casos graves, na aplicação
de tratamento específico. A necessidade de internação
é rara na hepatite viral de curso normal, não complicada,
mas pode ser indicada quando as medidas higiênico-dietéticas
devem ser garantidas. O isolamento é uma medida praticamente inútil,
já que o período de contágio ocorre nas fases iniciais
do quadro, geralmente antes da doença ter sido diagnosticada. A
pessoa doente deve dispor de uma habitação individual e
usar pijamas que cubram todo o corpo para prevenir a contaminação
fecal dos lençóis. Sua roupa de cama, assim como os pratos
e talheres de seu uso, devem ser recolhidos e lavados separadamente. O
repouso estrito não é uma indicação absoluta.
O repouso relativo corresponde aos limites impostos por alguns dos sintomas,
como o cansaço ou o desânimo total. O retorno à atividade
normal é permitido quando os sintomas gerais e os parâmetros
bioquímicos se normalizam. Também não é necessária
dieta estrita nas hepatites agudas de evolução normal. A
restrição das gorduras é recomendável somente
na fase ictérica ou colestática. A suplementação
vitamínica não é necessária, apenas a utilização
de vitamina K é indicada quando existem alterações
na coagulação.
Medidas gerais
. Hepatite A
A principal fonte de infecção é
as fezes contaminadas, sendo a transmissão do Vírus A muito
comum entre os membros de uma família, por contato direto através
da contaminação da água ou dos alimentos. É
importante ressaltar a necessidade de lavar as mãos freqüentemente,
particularmente depois da defecação. É preciso ter
um cuidado especial com objetos de uso pessoal (escova de dente, talheres
etc.). A filtração e cloração adequada da
água e uma rede sanitária eficiente são imprescindíveis.
É importante saber que ferver a água durante um minuto faz
com que o vírus se torne inativo.
. Hepatite B
A presença do Vírus B no sangue e em
todos os fluidos corporais e sua grande resistência ao calor explicam
as possibilidades de contaminação. A redução
da freqüência das hepatites por transfusões exige o
uso moderado das transfusões sangüíneas, limitando-as
aos casos onde sejam estritamente necessárias e restringindo sua
quantidade ao mínimo necessário. A aplicação
de todas as medidas de biossegurança limita a disseminação
do vírus, principalmente em todas as práticas realizadas
na atividade assistencial à saúde (utilização
de luvas, manuseio cuidadoso de agulhas e outros elementos de contato
etc.).
. Hepatite C
Com a introdução nos bancos de sangue
da pesquisa do anticorpo Anti-Vírus C a partir de 1990, obteve-se
uma redução de 50% a 70% dos casos de hepatite por transfusões.
Ademais, devem ser consideradas todas as normas de biossegurança
já mencionadas.
. Hepatite D
As medidas de prevenção da infecção
pelo Vírus B são aplicáveis para o Vírus D.
. Hepatite E
Semelhante ao Vírus A, é fundamental
melhorar as condições higiênico-sanitárias,
tendo cuidado especial no tratamento da água (fervê-la, clorá-la
etc.).
:: Vacinas
Atualmente há vacinas contra a Hepatite B obtidas
mediante técnicas de engenharia genética e uma vacina contra
a Hepatite A obtida de vírus mortos. A vacina da Hepatite A é
recomendada para os adultos que vão viajar para zonas endêmicas,
mas é previsível que se amplie sua indicação
a grupos de risco (pessoal de serviços de saúde, enfermeiras
pediatras etc.). Em algumas regiões, a vacina da Hepatite B incorporou-se
ao calendário de vacinação obrigatório da
infância e, em outras, é administrada de modo universal aos
adolescentes. Ademais, a sua administração é recomendada
em pessoas susceptíveis com elevado risco de contrair a infecção.
Entre elas estão os profissionais de serviços de saúde
expostos ao contato com o sangue ou seus derivados (laboratórios,
bancos de sangue, dentistas, cirurgiões etc.), pessoas em hemodiálise
periódica, hemofílicos, filhos de mães portadoras,
cônjuges de doentes com Hepatite B, pessoas de vida sexual promíscua
e viciado em drogas.
BIBLIOGRAFIA:
. GUIA MÉDICO DA FAMÍLIA CD-ROM
. SITE: DISCOVERY HEALTH
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