:: POPULAÇÃO DA AMÉRICA
LATINA
Durante milhares e milhares de anos, a América foi habitada
por inúmeros povos que permaneceram isolados do resto do
mundo. A conquista do território latino-americano começou
quando os espanhóis desembarcaram no México. Em
menos de trinta anos a conquista espanhola estava concluída.
Quanto aos portugueses, ocuparam pouco a pouco o Brasil. Os países
que outrora pertenceram ao Império Espanhol na América
foram: México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua,
Costa Rica, Panamá, Cuba, República Dominicana,
Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile,
Argentina, Uruguai, Paraguai e a Ilha de Porto Rico. As riquezas
do Novo Mundo tornaram a Espanha o país mais rico daquela
época. Os povos nativos das Américas tiveram que:
mudar seus costumes, falar outra língua, obedecer a estranhos,
substituir sua religião, etc. Além disso, foram
dizimados. A colonização da América deu início
a um dos maiores assassinatos da história: a morte de milhões
de nativos e um saque vergonhoso contra esses povos. Três
séculos de passado comum modelaram estruturas sociais e
mentalidades semelhantes, e os usos das mesmas línguas
(espanhol e português) deram a esses países uma unidade
cultural muito forte que prevalece sobre as diversidades geográficas,
étnicas e econômicas.
O quadro étnico traz as marcas do processo de colonização.
A miscigenação é uma característica
marcante da América Latina, do encontro dos povos: ameríndios
(nativos), europeus e africanos. Os países da América
Latina são marcados pelo passado colonial e por economias
nacionais que, mesmo apresentando diferentes graus de industrialização
e dinamismo interno, são estruturalmente subdesenvolvidos,
com baixo padrão de vida da maioria dos habitantes, fortes
contrastes regionais e dependência externa (econômica
e tecnológica). Na América Latina, as altas taxas
de natalidade determinam um crescimento demográfico elevado
(próximo de 3% ao ano em diversos países) que agrava
os problemas de uma rápida urbanização (mais
de 50% da população é urbana), do desemprego
e da pobreza. Cidades desmedidamente extensas, como México,
São Paulo, Buenos Aires, Rio de Janeiro e Lima, têm
grande parte de seus habitantes vivendo em moradias precárias
ou favelas. O ritmo de crescimento populacional, porém
é inversamente proporcional ao nível de desenvolvimento.
A expectativa de vida, embora tendo crescido muito (principalmente
em decorrência da queda da mortalidade infantil) é,
em média, apenas da ordem de 50 anos. Disso resulta uma
estrutura da população bem diferente daquela do
mundo desenvolvido: em quase toda parte, os menores de 20 anos
constituem mais da metade da população, com pequena
porcentagem de idosos.
:: CULTURA DA AMÉRICA LATINA
Estudando a cultura de uma sociedade, podemos descobrir seus anseios
e, assim entendemos as modificações e a organização
que ela realiza no espaço. Na cultura, percebemos elementos
importantes que resultam no desenvolvimento ou subdesenvolvimento
de um país. Podemos, ainda explicar grande parte dos conflitos
armados, dos problemas sociais e ambientais que ocorrem em nosso
mundo.
A América Latina, antes mesmo de assim ter sido chamada,
já era um espaço transformado e organizado de forma
a atender às necessidades e aos interesses das sociedades
que ali viviam (maias, incas, astecas, guaranis, aborígines,
quíchuas, etc.). Essas sociedades possuíam entre
si elementos semelhantes e diferentes. Posteriormente, aqui chegaram
outros povos, vindos da Europa e da África, que, possuindo
outra culturas, passaram a modificar o espaço geográfico
(re)transformando-o e (re)organizando-o. Hoje, a América
Latina é o resultado de processos, do passado e do presente,
onde o contato entre as pessoas de diferentes sociedades deu origem
a uma nova sociedade, possuidora de cultura própria, formada
por todas as formas de expressão de um povo: fala, gestos,
festas, literatura, música, dança, lendas, crenças
manifestações religiosas, artesanato, entre outras.
Os denominadores comuns dos países latino-americanos são:
o passado colonial, o idioma (espanhol e português) e a
religião católica.
Os idiomas predominantes são o espanhol e o português.
Cerca de 330 milhões de pessoas falam o espanhol, e 170
milhões falam o português. No Haiti 80% da população
(isto é, 5 milhões, 1% de toda a América
Latina) fala a língua crioula. As línguas crioulas
são línguas inventadas no próprio continente,
que resultaram da necessidade gerada pela convivência nas
colônias de indivíduos (principalmente escravos)
que não tinham uma língua comum entre si nem tiveram
uma educação formal na língua oficial do
colonizador.
Na colonização das Américas os conquistadores
tiveram de subjugar os nativos e escravos (negros). A tarefa de
evangelização de ameríndios e negros coube
especialmente às ordens religiosas (Igreja Católica).
Cabe ressaltar, que na época da colonização,
o rei comandava o Estado (país) e também controlava
e fiscalizava a Igreja. Na catequese dos ameríndios, os
jesuítas procuravam se inspirar nos usos e costumes indígenas,
na sua linguagem, em seu universo mental, aproveitando-se de alguns
ritos indígenas e de seu gosto pelas festas. Quanto aos
negros, levava em conta a sua condição de escravo.
Eram-lhe ministrados apenas rudimentos da doutrina cristã,
pois se pretendia torná-lo dócil e conformado para,
dessa forma, contornar as revoltas. Os negros eram proibidos pela
Igreja Católica, de praticar rituais tradicionais africanos.
Com essa proibição, eles criam o sincretismo religioso,
ou seja, misturam as religiões nativas africanas e catolicismo
romano.
Religião e música são os elementos culturais
mais emblemáticos da América latina. O uso dos tambores
que resgatavam ritmos africanos unido a miscigenação,
aliado ao sofrimento, saudade, criatividade, persistência,
alegria, beleza, gingado, tradição, etc., fez com
que surgissem novos ritmos, danças, celebrações...
Na Argentina, o tango; na Colômbia, a cúmbia; em
Cuba, o mambo; na Jamaica, o reggae; em Trinidad e Tobago, o calipso;
no Brasil, o samba...
A união desses três povos: ameríndios (nativos),
europeus e africanos (negros), deram a esses países uma
unidade cultural muito forte. Em cada região é possível
encontrar uma festa religiosa, comer uma comida típica,
apreciar um belo artesanato, dançar um ritmo quente, etc.,
e através dessas expressões conhecer um pouco mais
a diversidade cultural desses povos latinos. Talvez esta seja
a única e maior riqueza que temos, e quem ninguém
poderá nos tirar. Nós um dia despertaremos para
isso, e seremos o melhor desta terra.
:: UMA CONCLUSÃO
Como se vê, a história da América Latina é
diversa. Mas segue uma linha clara: a da opressão iniciada
quando Colombo e suas naus pisaram nas terras do Caribe –
opressão que dizimou as populações indígenas
e instituiu o caráter econômico e exportador das
sociedades latino-americanas, o qual elas ainda não perderam.
Até hoje, as desigualdades sociais que se multiplicam nesses
países, aliadas a movimentos de guerrilha civil, crises
econômicas cíclicas e dependência dos mercados
internacionais, caracterizam a formação social destas
terras e são os grandes desafios a ser enfrentado no século
XXI: a proposta de romper com o desenvolvimento regulado ou a
submissão extrema para se construir um crescimento autônomo
e integrado entre todas as nações continentais –
o mesmo sonho de Simón Bolívar, quando, há
quase dois séculos atrás, iniciou os movimentos
de libertação que resultaram nos atuais países
que compõem a América Latina.
A utopia revolucionária não morreu nas revoluções
citadas ao longo deste texto: ela prossegue na luta dos zapatistas
no México, apesar da violenta opressão do governo
mexicano, e no retorno dos sandinistas ao poder na Nicarágua,
conquistando as principais prefeituras do país nas recentes
eleições. A história mostra que não
há caminhos inalteráveis. Pelo contrário,
a resistência contra as dificuldades e o desejo dos homens
em mudar sua trajetória faz com que, pouco a pouco, o quadro
social mude. O inferno econômico argentino, o aumento da
pobreza no Brasil e a complicada conjuntura política peruana,
entre outros fatos, apenas comprovam que o continente tem que
refletir sobre o que está errado nesta trajetória.
Discutir alguns desses tópicos foi o propósito deste
texto: afinal, como dizia o historiador francês Lucién
Goldmann, é olhando o passado que podemos melhorar o presente
e o futuro. No caso, os opressores passados latino-americano,
marcados pelo imperialismo europeu e norte-americano e pela desigualdade
social, pode servir como base para uma transformação
generalizada no continente. A revolução virá
da revolta das classes historicamente oprimidas. A América
não se libertará de sua agonia por meio de heróis
personalistas e demagógicos, mas sim com a mobilização
das maiorias, incentivada pela discussão da realidade continental,
poderá provocar tais mudanças há muito tentadas.
O objetivo é fomentar tal discussão e refletir sobre
esta terra que, como disse Eduardo Galeano, não nasceu
amaldiçoada, e sim convertida à maldição.
cabe a nós, latino-americanos, inverter o quadro.
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