MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DOS POVOS:

INDÍGENAS

AFRICANOS

EUROPEUS

MUÇULMANOS

COM SUAS CONTRIBUIÇÕES NA NOSSA FORMAÇÃO HISTÓRICA.

Cultura é o conjunto de hábitos, regras, língua, religião, tradições e técnicas de um povo. Um povo é diferente do outro porque tem cultura diferente. A cultura é formada das coisas que aprendemos. E aprendemos em contato com as pessoas que já sabem, que já aprenderam antes de nós. Existem duas maneiras de receber cultura:

Desde que nascemos, aprendemos pela simples convivência com outras pessoas. Assim, aprendemos a língua com nossos pais e com as pessoas que convivem conosco; aprendemos as brincadeiras com os irmãos e amigos; aprendemos a gostar de uma roupa e não de outra; cantar; etc. A essas coisas dá-se o nome de Cultura Espontânea. Cultura Espontânea é aquela que se aprende olhando, imitando e vivendo com os outros.

Existem outras coisas que aprendemos na escola, lendo livros, ouvindo o padre ou o pastor na igreja, ouvindo rádio, vendo televisão. Tudo aquilo que é aprendido na escola ou através de outros grupos organizados, como a igreja, a televisão, o rádio, e o jornal, forma a cultura erudita.

Todas as pessoas têm cultura espontânea. Algumas têm mais e outras têm menos cultura erudita. Tanto a cultura espontânea quanto a cultura erudita se modificam, evoluem. Por exemplo, hoje as roupas são diferentes das do século passado. Os meios transporte, os divertimentos, os costumes, etc., também são diferentes.

:: INDÍGENAS

Os índios brasileiros pertencem a vários grupos diferentes, com costumes diferentes. A língua, as crenças, as técnicas de trabalho, a organização familiar e social mudam de um grupo para outro. Geralmente os índios são agrupados de acordo com sua língua. As línguas indígenas são reunidas em grupos, de acordo com suas semelhanças. No Brasil são conhecidos três grupos (troncos) principais: o Tupi (26 línguas); o Macro-Jê (16 línguas); o Aruaque (13 línguas). Existem ainda muitas línguas (Caribe, Pano, Nambiquara, Tucano, Ianomâmi, etc.) que não foram classificadas em grupos.

Apesar das grandes diferenças existentes entre os vários grupos indígenas, há certas coisas que são comuns a quase todos eles. Assim, podemos dizer que os índios se organizam em tribos. Uma tribo é um grupo de pessoas que fazem suas aldeias numa mesma área, falam a mesma língua, têm os mesmos costumes e um forte sentimento de união entre elas.

As aldeias são diferentes de uma tribo para outra: aldeias em forma de ferradura, forma circular, outras, constroem uma única habitação coletiva

Como os índios conseguem seu alimento? A maioria deles vive da coleta de frutos da floresta (cacau, maracujá, jabuticaba, araçá, etc.), da agricultura (mandioca, milho, batata-doce, abóbora, amendoim, etc.), da caça (anta, tatu, veado, paca, etc.) e da pesca (traíra, pacu, piava, etc.).

Geralmente as roças pertencem a toda tribo e os alimentos colhidos são distribuídos entre todos. Mas cada índio costuma ter seus próprios instrumentos de trabalho, como o arco e as flechas.

Cada tribo tem seu jeito de distribuir as tarefas entre seus membros. As mulheres geralmente fazem as seguintes tarefas: o trabalho agrícola, desde o plantio até a colheita; a coleta dos frutos da floresta; a fabricação de farinha; a comida e os demais serviços domésticos; o cuidado das crianças. Os homens fazem o trabalho mais pesado: a derrubada do mato e a preparação da terra; a caça e a pesca; a fabricação de canoas; a construção das casas. Além disso, são tarefas masculinas as expedições guerreiras; a proteção das mulheres, crianças e velhos.

Os casamentos variam muito de uma tribo para outra. Geralmente são realizados entre os membros da mesma tribo. Algumas tribos permitem apenas a monogamia, isto é, o casamento de um homem com uma só mulher e de uma mulher com apenas um homem. Já em outras, a poligamia – um homem casado com várias mulheres ou uma mulher casada com vários homens – também é permitida.

Os índios respeitam muito uns aos outros e são muito carinhosos, principalmente com as crianças.

Os indígenas gostam muito de arte. Tanto da arte que tem utilidade para o seu dia-a-dia, como a fabricação de utensílios (redes, vasos de cerâmica, etc.) e armas, quanto da arte que está ligada a seus rituais e festas, como a pintura de corpo, a arte plumária (feita de penas de pássaros), os cantos e as danças. Com os materiais que encontram ao seu redor – argila, palha, fibras – os índios fabricam objetos decorativos e de uso diário. A música, a dança e a representação teatral também são encontradas em quase todas as tribos. O maracá ou chocalho é um dos instrumentos musicais mais comuns.

O índio vive em contato permanente com a natureza, por isso, a conhece e sabe viver em equilíbrio com ela, sem destruí-la. Conhece os hábitos dos animais; conhece as plantas, as que fazem bem para a saúde e as que são venenosas. Os primeiros objetos de borracha também foram feitos pelos índios. Outros conhecimentos dos indígenas estão ligados à alimentação. Foram eles que descobriram, por exemplo, que era possível retirar o veneno da mandioca venenosa, tornando-a comestível.

Tudo isso e muito mais o índio aprendeu em muitos anos de estreita convivência com a natureza. É um conhecimento que ele começa a ter desde de criança, em contato direto com os adultos, sem necessidade de escola. O índio sabe que a natureza é a garantia de sua vida, que o mal que fizer a ela estará fazendo a si mesmo e a seus filhos.

:: AFRICANOS

A África é a região do mundo onde a lingüística é a mais diversificada (cerca de 1.000 línguas) e a menos conhecida. Também herdaram da colonização as línguas européias (inglês, francês, português) que são faladas pelas classes cultas.

A oralidade – palavra e memória – foi a técnica de comunicação da civilização africana. Praticada por homens e mulheres, manteve e perpetuou a cultura das tribos. Ato sagrado, as histórias eram contadas segundo ritos, técnicas de dicção e ritmos próprios a cada língua africana.

Os africanos geralmente são agrupados de acordo com sua língua, mas para ajudar nas relações entre tribos, eles criaram uma segunda língua.

Como os índios, os africanos vivem da coleta de frutos, caça, pesca e da agricultura. Mas são mais adiantados em outras áreas, como a pecuária, trabalham os metais, fiam e tecem o algodão. Quando trabalham a madeira, eles associam outras técnicas (cestaria, olaria, colagem de tecidos). A elegância das armas e o gosto pelos adereços encontram-se entre todos os povos africanos e traduzem melhor seu modo de viver. As tatuagens, os penteados, a pintura corporal e a pintura de suas casas são meios de expressão da arte africana.

Para os africanos a música têm uma função, seja ou não religiosa. Essas músicas são embaladas por instrumentos como: tambores de madeira, flautas, cítaras, etc., e com muita dança.

A religião dos africanos é o feiticismo.

Durante o século XV ao XIX , nações européias invadiram o continente africano capturando os negros (tráfico de escravos). Metade deles morriam durante a viagem. Muitos de fome, doenças , maus tratos, tristeza, melancolia, saudade de sua terra. Dezenas de milhões de africanos foram arrancados de suas terras, as famílias foram separadas, as tribos desorganizadas, africanos de costumes diferentes, de tribos diferentes, eram misturados e forçados a abandonar seus costumes. Além do trabalho duro, eram freqüentemente castigados. Além disso, seu território foi tomado por potências européias que constituíram grandes impérios coloniais: inglês, holandês, italiano, espanhol, francês e português. O processo de descolonização se deu em 1960, ano em que muitos países africanos conquistaram sua independência.

Esses dois acontecimentos (tráfico de escravos e colonização) prejudicaram profundamente a cultura africana, pois eles eram obrigados a aprender uma nova cultura e proibidos de praticarem a sua. Hoje eles atravessam uma crise cultural, política, econômica e com guerras civis.

:: EUROPEUS

Conhecido como Velho Continente, os países europeus foram os responsáveis pela mudança do mundo. Através das Grandes Navegações, mostraram ao mundo outros povos, outras terras, outras riquezas a serem exploradas. Antes dessas descobertas, o mundo que os europeus conheciam era quase só a Europa. Viviam da vida agrícola e eram governados pelo rei e pelo papa.

Depois das Grandes navegações o mundo não foi mais o mesmo. Os europeus passaram a ocupar novas regiões, explorando suas riquezas e dominando os povos nativos, impondo sua cultura, sua religião, seu modo de viver.

Berço da Revolução Industrial, é responsável, a partir do século XVIII, pelo modelo econômico baseado na indústria. O continente europeu possui 48 países distribuídos em uma área menor que as do Brasil e da Argentina somadas. Esse é um dos atrativos da região, já que é possível conhecer um número considerável de países com línguas e culturas diferentes em um curto intervalo de tempo. Isso contribui para que a Europa seja o maior pólo turístico do planeta, atraindo por ano quase 400 milhões de visitantes, cerca de 60% do total registrado no mundo.

O cristianismo é a principal religião. Existe um número significativo de adeptos tanto do catolicismo quanto do protestantismo e da Igreja Ortodoxa. Os católicos veneram imagens de Cristo, da Virgem Maria e dos santos, reproduzidas em pinturas ou esculturas. A arquitetura religiosa (igrejas) tem grande destaque com seus mosaicos e pinturas.

Os idiomas mais falados pertencem aos ramos etnolingüísticos latino (integrado por espanhol, italiano, francês e português), germânico (formado por alemão, inglês e idiomas escandinavos) e eslavo (constituído de russo, búlgaro, servo-croata e ucraniano, entre outros). Cerca de 14% da população européia tem mais de 65 anos.

:: MUÇULMANOS

Até o século VII, a península Arábica era ocupada por diversos povos independentes. Nessa época, Maomé começou a difundir suas crenças, dando origem ao islamismo.

Islamismo significa “submissão a Deus”. Daí o adepto do islamismo chamar-se islamita ou muçulmano (do árabe muslim, que significa “resignado à vontade de Deus”).

Em algumas décadas, essa religião conseguiria unir diversos povos árabes, originando um vasto império com terras em três continentes: Ásia, África e Europa.

Desde sua origem, é difícil separar no mundo árabe a religião do Estado. Em grande parte, foi difundindo a fé em Alá que os árabes construíram o seu império.

Maomé ordenou a seu povo que “procurasse o conhecimento, nem que fosse na China”. Seguindo essa ordem, os islâmicos assimilaram a cultura dos povos com os quais entravam em contato. Grande parte desse conhecimento foi transmitida pelos árabes aos povos da Europa Ocidental, durante a Idade Média.

Nas artes, os árabes distinguiram-se principalmente na arquitetura. Construíram palácios e mesquitas (templos), com numerosas colunas, arcos em ferradura, mosaicos e arabescos (decorações baseadas na combinação de motivos geométricos e vegetais, acrescidas de inscrições em caracteres árabes).

Nas letras, a obra mais famosa é As mil e uma noites, com histórias de aventuras, contos e fábulas. Na área do conhecimento, os árabes distinguiram-se em: matemática, química, medicina, física. Os árabes são responsáveis ainda por inúmeros conhecimentos desenvolvidos na agricultura, no setor manufatureiro e no comércio.

CONTRIBUIÇÕES NA NOSSA FORMAÇÃO HISTÓRICA

INDÍGENAS

A alimentação do povo brasileiro muito deve ao índio. Muitos dos alimentos que utilizamos foram primeiro cultivados pelos índios. Entre eles temos a mandioca, o milho, o feijão, o amendoim, o abacaxi, a batata-doce, a banana, a abóbora, o mamão. O uso do tabaco também é de origem indígena.

A técnica que os índios usavam para preparar a terra para o plantio ainda é muito utilizada no Brasil de hoje. Essa técnica, chamada coivara pelos índios, consiste na derrubada e na queimadas das árvores, deixando o solo limpo para o plantio.

As casas de pau-a-pique, muito utilizadas no interior do Brasil, também parecem basear-se numa técnica indígena. Os índios construíam suas casas com troncos de árvore e as cobriam com folhas de palmeira. As casas de pau-a-pique são feitas com varas cobertas de barro e, geralmente, cobertas de sapé.

A rede, muito usada para dormir no Norte e no Nordeste, e para descansar no resto do Brasil, também é uma invenção indígena. Da mesma forma, devemos ao índio as jangadas (igaras) e as canoas (ubás), tanto para a pesca quanto para o transporte.

Alguns instrumentos musicais utilizados atualmente tiveram origem entre os índios: os tambores, os chocalhos e as flautas de osso.

As línguas indígenas forneceram muitos nomes de cidades: Itajubá (pedra amarela), Curitiba (pinheiral), Jacareí (rio dos jacarés), Iguaçu (água grande); de plantas: ipê, guaraná, jabuticaba, mandioca taquara, jacarandá, etc.; de animais: tamanduá, jabuti, jacaré, cutia,jibóia, paca, tatu, etc.

Da religião dos índios o folclore brasileiro conserva muitas crenças e histórias. Entre elas podemos citar o boitatá (cobra de fogo, que castiga quem sem motivo põe fogo nas matas); o curupira (anão que assobia pelas matas, fazendo os caçadores perderem o caminho); o saci-pererê (negrinho de uma perna só, que faz travessuras e se diverte assustando as pessoas).

AFRICANOS

Os negros trazidos para o Brasil como escravos foram obrigados a abandonar seus costumes africanos e a viver de acordo com os costumes impostos pelos senhores brancos. Apesar disso, exerceram influência sobre a cultura popular brasileira, em muitos de seus aspectos.

Vários pratos típicos da Bahia, lugar em que os negros foram mais numerosos, resultaram da contribuição dos escravos. Entre eles, podemos citar o vatapá e o acarajé. Também doces, como a cocada, o quindim, o pé-de-moleque e outros são de origem negra.

Muitas palavras de nosso vocabulário têm origem africana: batuque, cachaça, cachimbo, dengo, moleque, quitute, quitanda e muitas outras.

Instrumentos musicais ainda hoje utilizados vieram da África: atabaque, berimbau, tambores, reco-reco, agogô, etc. Da mesma forma certos ritmos de dança e de música receberam forte influência africana, como o maracatu, a congada, o samba, o frevo, etc.

Embora fossem obrigados a seguir a religião católica, os negros não deixavam de lado seus rituais. Dessa forma, as crenças religiosas africanas misturaram-se com o catolicismo, formando o que se chama de sincretismo religioso.

Muitas divindades negras, os orixás, foram identificadas com os santos católicos: Oxalá, pai dos orixás, foi identificado com Nosso Senhor do Bonfim; Xangô, protetor contra os trovões e tempestades, passou a ser identificado com Santo Antônio ou São João; Ogum é São Jorge; Iemanjá é Nossa Senhora da Conceição. Etc. Essas divindades africanas continuam sendo homenageadas nos terreiros (locais onde são praticadas as religiões de origem africana, como a umbanda e o candomblé) em muitas cidades do Brasil, principalmente na Bahia.

EUROPEUS (PORTUGUESES)

A cultura trazida pelo português foi a cultura dominante: a língua oficial do Brasil é o português; a religião católica foi a religião oficial até 1889 e continua sendo a religião da maioria dos brasileiros; a construção das casas – amplos casarões, sobrados com azulejos coloridos – e das cidades, com traçados irregulares, é herança dos portugueses.

Muitos alimentos consumidos hoje no Brasil são de origem portuguesa: doces (marmelada, goiabada, bananada), temperos (louro, cheiro-verde, alho, cebola, azeitona), sopas, frituras, a couve, que acompanha a feijoada; o cozido, que aqui se enriqueceu com alimentos nativos, como a mandioca, a batata-doce e o milho.

Os portugueses também trouxeram a tradição das festas católicas (Natal, Páscoa, Dia de Reis, etc.) e dos festejos populares, como as folias carnavalescas e as festas juninas (homenageiam Santo Antônio, São Pedro e São João).

MUÇULMANOS

Pode até não parecer, mas o mundo árabe é muito familiar a nós. Basta lembrar que herdamos dessa sociedade um grande números de gêneros alimentícios, como a alface, a cana-de-açúcar, o café, a laranja, a cidra, o limão, o pêssego, o açafrão, o espinafre, a banana, etc

No setor manufatureiro, desenvolveram a metalurgia, a tecelagem, a vidraria, a tapeçaria e a perfumaria.

Também são conhecidas muitas obras literárias (As mil e uma noites , Ali Babá e os quarenta ladrões e a Lâmpada Maravilhosa).

No Brasil, um dos maiores países católicos do mundo, o Corão, livro sagrado do islã, atrai cada vez mais adeptos. Há quarenta anos a comunidade árabe possuía uma única mesquita. Hoje são 52 templos, espalhados por todo o país e freqüentado por cerca de dois milhões de fiéis.

Cabem a eles também, a habilidade de comercializar.

BIBLIOGRAFIA:

. HISTÓRIA E VIDA 1 – NELSON E CLAUDINO PILETTI – ED. ÁTICA

. GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL – NOVA CULTURAL

. HISTÓRIA E VIDA INTEGRADA – NELSON E CLAUDINO PILETTI – ED. ÁTICA

TRABALHO – ASSUNTO:

  “MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DOS POVOS:
   INDÍGENAS
   AFRICANOS
   EUROPEUS
   MUÇULMANOS
   COM SUAS CONTRIBUIÇÕES NA NOSSA FORMAÇÃO HISTÓRICA”

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