Cultura é
o conjunto de hábitos, regras, língua, religião,
tradições e técnicas de um povo. Um povo é
diferente do outro porque tem cultura diferente. A cultura é
formada das coisas que aprendemos. E aprendemos em contato com as
pessoas que já sabem, que já aprenderam antes de nós.
Existem duas maneiras de receber cultura:
Desde que nascemos, aprendemos pela simples convivência
com outras pessoas. Assim, aprendemos a língua com nossos
pais e com as pessoas que convivem conosco; aprendemos as brincadeiras
com os irmãos e amigos; aprendemos a gostar de uma roupa
e não de outra; cantar; etc. A essas coisas dá-se
o nome de Cultura Espontânea. Cultura Espontânea é
aquela que se aprende olhando, imitando e vivendo com os outros.
Existem outras coisas que aprendemos na escola, lendo livros,
ouvindo o padre ou o pastor na igreja, ouvindo rádio, vendo
televisão. Tudo aquilo que é aprendido na escola ou
através de outros grupos organizados, como a igreja, a televisão,
o rádio, e o jornal, forma a cultura erudita.
Todas as pessoas têm cultura espontânea. Algumas têm
mais e outras têm menos cultura erudita. Tanto a cultura espontânea
quanto a cultura erudita se modificam, evoluem. Por exemplo, hoje
as roupas são diferentes das do século passado. Os
meios transporte, os divertimentos, os costumes, etc., também
são diferentes.
:: INDÍGENAS
Os índios brasileiros pertencem a vários grupos
diferentes, com costumes diferentes. A língua, as crenças,
as técnicas de trabalho, a organização familiar
e social mudam de um grupo para outro. Geralmente os índios
são agrupados de acordo com sua língua. As línguas
indígenas são reunidas em grupos, de acordo com suas
semelhanças. No Brasil são conhecidos três grupos
(troncos) principais: o Tupi (26 línguas); o Macro-Jê
(16 línguas); o Aruaque (13 línguas). Existem ainda
muitas línguas (Caribe, Pano, Nambiquara, Tucano, Ianomâmi,
etc.) que não foram classificadas em grupos.
Apesar das grandes diferenças existentes entre os vários
grupos indígenas, há certas coisas que são
comuns a quase todos eles. Assim, podemos dizer que os índios
se organizam em tribos. Uma tribo é um grupo de pessoas que
fazem suas aldeias numa mesma área, falam a mesma língua,
têm os mesmos costumes e um forte sentimento de união
entre elas.
As aldeias são diferentes de uma tribo para outra: aldeias
em forma de ferradura, forma circular, outras, constroem uma única
habitação coletiva
Como os índios conseguem seu alimento? A maioria deles
vive da coleta de frutos da floresta (cacau, maracujá, jabuticaba,
araçá, etc.), da agricultura (mandioca, milho, batata-doce,
abóbora, amendoim, etc.), da caça (anta, tatu, veado,
paca, etc.) e da pesca (traíra, pacu, piava, etc.).
Geralmente as roças pertencem a toda tribo e os alimentos
colhidos são distribuídos entre todos. Mas cada índio
costuma ter seus próprios instrumentos de trabalho, como
o arco e as flechas.
Cada tribo tem seu jeito de distribuir as tarefas entre seus membros.
As mulheres geralmente fazem as seguintes tarefas: o trabalho agrícola,
desde o plantio até a colheita; a coleta dos frutos da floresta;
a fabricação de farinha; a comida e os demais serviços
domésticos; o cuidado das crianças. Os homens fazem
o trabalho mais pesado: a derrubada do mato e a preparação
da terra; a caça e a pesca; a fabricação de
canoas; a construção das casas. Além disso,
são tarefas masculinas as expedições guerreiras;
a proteção das mulheres, crianças e velhos.
Os casamentos variam muito de uma tribo para outra. Geralmente
são realizados entre os membros da mesma tribo. Algumas tribos
permitem apenas a monogamia, isto é, o casamento de um homem
com uma só mulher e de uma mulher com apenas um homem. Já
em outras, a poligamia – um homem casado com várias
mulheres ou uma mulher casada com vários homens – também
é permitida.
Os índios respeitam muito uns aos outros e são muito
carinhosos, principalmente com as crianças.
Os indígenas gostam muito de arte. Tanto da arte que tem
utilidade para o seu dia-a-dia, como a fabricação
de utensílios (redes, vasos de cerâmica, etc.) e armas,
quanto da arte que está ligada a seus rituais e festas, como
a pintura de corpo, a arte plumária (feita de penas de pássaros),
os cantos e as danças. Com os materiais que encontram ao
seu redor – argila, palha, fibras – os índios
fabricam objetos decorativos e de uso diário. A música,
a dança e a representação teatral também
são encontradas em quase todas as tribos. O maracá
ou chocalho é um dos instrumentos musicais mais comuns.
O índio vive em contato permanente com a natureza, por
isso, a conhece e sabe viver em equilíbrio com ela, sem destruí-la.
Conhece os hábitos dos animais; conhece as plantas, as que
fazem bem para a saúde e as que são venenosas. Os
primeiros objetos de borracha também foram feitos pelos índios.
Outros conhecimentos dos indígenas estão ligados à
alimentação. Foram eles que descobriram, por exemplo,
que era possível retirar o veneno da mandioca venenosa, tornando-a
comestível.
Tudo isso e muito mais o índio aprendeu em muitos anos
de estreita convivência com a natureza. É um conhecimento
que ele começa a ter desde de criança, em contato
direto com os adultos, sem necessidade de escola. O índio
sabe que a natureza é a garantia de sua vida, que o mal que
fizer a ela estará fazendo a si mesmo e a seus filhos.
:: AFRICANOS
A África é a região do mundo onde a lingüística
é a mais diversificada (cerca de 1.000 línguas) e
a menos conhecida. Também herdaram da colonização
as línguas européias (inglês, francês,
português) que são faladas pelas classes cultas.
A oralidade – palavra e memória – foi a técnica
de comunicação da civilização africana.
Praticada por homens e mulheres, manteve e perpetuou a cultura das
tribos. Ato sagrado, as histórias eram contadas segundo ritos,
técnicas de dicção e ritmos próprios
a cada língua africana.
Os africanos geralmente são agrupados de acordo com sua
língua, mas para ajudar nas relações entre
tribos, eles criaram uma segunda língua.
Como os índios, os africanos vivem da coleta de frutos,
caça, pesca e da agricultura. Mas são mais adiantados
em outras áreas, como a pecuária, trabalham os metais,
fiam e tecem o algodão. Quando trabalham a madeira, eles
associam outras técnicas (cestaria, olaria, colagem de tecidos).
A elegância das armas e o gosto pelos adereços encontram-se
entre todos os povos africanos e traduzem melhor seu modo de viver.
As tatuagens, os penteados, a pintura corporal e a pintura de suas
casas são meios de expressão da arte africana.
Para os africanos a música têm uma função,
seja ou não religiosa. Essas músicas são embaladas
por instrumentos como: tambores de madeira, flautas, cítaras,
etc., e com muita dança.
A religião dos africanos é o feiticismo.
Durante o século XV ao XIX , nações européias
invadiram o continente africano capturando os negros (tráfico
de escravos). Metade deles morriam durante a viagem. Muitos de fome,
doenças , maus tratos, tristeza, melancolia, saudade de sua
terra. Dezenas de milhões de africanos foram arrancados de
suas terras, as famílias foram separadas, as tribos desorganizadas,
africanos de costumes diferentes, de tribos diferentes, eram misturados
e forçados a abandonar seus costumes. Além do trabalho
duro, eram freqüentemente castigados. Além disso, seu
território foi tomado por potências européias
que constituíram grandes impérios coloniais: inglês,
holandês, italiano, espanhol, francês e português.
O processo de descolonização se deu em 1960, ano em
que muitos países africanos conquistaram sua independência.
Esses dois acontecimentos (tráfico de escravos e colonização)
prejudicaram profundamente a cultura africana, pois eles eram obrigados
a aprender uma nova cultura e proibidos de praticarem a sua. Hoje
eles atravessam uma crise cultural, política, econômica
e com guerras civis.
:: EUROPEUS
Conhecido como Velho Continente, os países europeus foram
os responsáveis pela mudança do mundo. Através
das Grandes Navegações, mostraram ao mundo outros
povos, outras terras, outras riquezas a serem exploradas. Antes
dessas descobertas, o mundo que os europeus conheciam era quase
só a Europa. Viviam da vida agrícola e eram governados
pelo rei e pelo papa.
Depois das Grandes navegações o mundo não
foi mais o mesmo. Os europeus passaram a ocupar novas regiões,
explorando suas riquezas e dominando os povos nativos, impondo sua
cultura, sua religião, seu modo de viver.
Berço da Revolução Industrial, é responsável,
a partir do século XVIII, pelo modelo econômico baseado
na indústria. O continente europeu possui 48 países
distribuídos em uma área menor que as do Brasil e
da Argentina somadas. Esse é um dos atrativos da região,
já que é possível conhecer um número
considerável de países com línguas e culturas
diferentes em um curto intervalo de tempo. Isso contribui para que
a Europa seja o maior pólo turístico do planeta, atraindo
por ano quase 400 milhões de visitantes, cerca de 60% do
total registrado no mundo.
O cristianismo é a principal religião. Existe um
número significativo de adeptos tanto do catolicismo quanto
do protestantismo e da Igreja Ortodoxa. Os católicos veneram
imagens de Cristo, da Virgem Maria e dos santos, reproduzidas em
pinturas ou esculturas. A arquitetura religiosa (igrejas) tem grande
destaque com seus mosaicos e pinturas.
Os idiomas mais falados pertencem aos ramos etnolingüísticos
latino (integrado por espanhol, italiano, francês e português),
germânico (formado por alemão, inglês e idiomas
escandinavos) e eslavo (constituído de russo, búlgaro,
servo-croata e ucraniano, entre outros). Cerca de 14% da população
européia tem mais de 65 anos.
:: MUÇULMANOS
Até o século VII, a península Arábica
era ocupada por diversos povos independentes. Nessa época,
Maomé começou a difundir suas crenças, dando
origem ao islamismo.
Islamismo significa “submissão a Deus”. Daí
o adepto do islamismo chamar-se islamita ou muçulmano (do
árabe muslim, que significa “resignado à vontade
de Deus”).
Em algumas décadas, essa religião conseguiria unir
diversos povos árabes, originando um vasto império
com terras em três continentes: Ásia, África
e Europa.
Desde sua origem, é difícil separar no mundo árabe
a religião do Estado. Em grande parte, foi difundindo a fé
em Alá que os árabes construíram o seu império.
Maomé ordenou a seu povo que “procurasse o conhecimento,
nem que fosse na China”. Seguindo essa ordem, os islâmicos
assimilaram a cultura dos povos com os quais entravam em contato.
Grande parte desse conhecimento foi transmitida pelos árabes
aos povos da Europa Ocidental, durante a Idade Média.
Nas artes, os árabes distinguiram-se principalmente na
arquitetura. Construíram palácios e mesquitas (templos),
com numerosas colunas, arcos em ferradura, mosaicos e arabescos
(decorações baseadas na combinação de
motivos geométricos e vegetais, acrescidas de inscrições
em caracteres árabes).
Nas letras, a obra mais famosa é As mil e uma noites, com
histórias de aventuras, contos e fábulas. Na área
do conhecimento, os árabes distinguiram-se em: matemática,
química, medicina, física. Os árabes são
responsáveis ainda por inúmeros conhecimentos desenvolvidos
na agricultura, no setor manufatureiro e no comércio.
CONTRIBUIÇÕES NA NOSSA FORMAÇÃO
HISTÓRICA
INDÍGENAS
A alimentação do povo brasileiro muito deve ao índio.
Muitos dos alimentos que utilizamos foram primeiro cultivados pelos
índios. Entre eles temos a mandioca, o milho, o feijão,
o amendoim, o abacaxi, a batata-doce, a banana, a abóbora,
o mamão. O uso do tabaco também é de origem
indígena.
A técnica que os índios usavam para preparar a terra
para o plantio ainda é muito utilizada no Brasil de hoje.
Essa técnica, chamada coivara pelos índios, consiste
na derrubada e na queimadas das árvores, deixando o solo
limpo para o plantio.
As casas de pau-a-pique, muito utilizadas no interior do Brasil,
também parecem basear-se numa técnica indígena.
Os índios construíam suas casas com troncos de árvore
e as cobriam com folhas de palmeira. As casas de pau-a-pique são
feitas com varas cobertas de barro e, geralmente, cobertas de sapé.
A rede, muito usada para dormir no Norte e no Nordeste, e para
descansar no resto do Brasil, também é uma invenção
indígena. Da mesma forma, devemos ao índio as jangadas
(igaras) e as canoas (ubás), tanto para a pesca quanto para
o transporte.
Alguns instrumentos musicais utilizados atualmente tiveram origem
entre os índios: os tambores, os chocalhos e as flautas de
osso.
As línguas indígenas forneceram muitos nomes de
cidades: Itajubá (pedra amarela), Curitiba (pinheiral), Jacareí
(rio dos jacarés), Iguaçu (água grande); de
plantas: ipê, guaraná, jabuticaba, mandioca taquara,
jacarandá, etc.; de animais: tamanduá, jabuti, jacaré,
cutia,jibóia, paca, tatu, etc.
Da religião dos índios o folclore brasileiro conserva
muitas crenças e histórias. Entre elas podemos citar
o boitatá (cobra de fogo, que castiga quem sem motivo põe
fogo nas matas); o curupira (anão que assobia pelas matas,
fazendo os caçadores perderem o caminho); o saci-pererê
(negrinho de uma perna só, que faz travessuras e se diverte
assustando as pessoas).
AFRICANOS
Os negros trazidos para o Brasil como escravos foram obrigados
a abandonar seus costumes africanos e a viver de acordo com os costumes
impostos pelos senhores brancos. Apesar disso, exerceram influência
sobre a cultura popular brasileira, em muitos de seus aspectos.
Vários pratos típicos da Bahia, lugar em que os
negros foram mais numerosos, resultaram da contribuição
dos escravos. Entre eles, podemos citar o vatapá e o acarajé.
Também doces, como a cocada, o quindim, o pé-de-moleque
e outros são de origem negra.
Muitas palavras de nosso vocabulário têm origem africana:
batuque, cachaça, cachimbo, dengo, moleque, quitute, quitanda
e muitas outras.
Instrumentos musicais ainda hoje utilizados vieram da África:
atabaque, berimbau, tambores, reco-reco, agogô, etc. Da mesma
forma certos ritmos de dança e de música receberam
forte influência africana, como o maracatu, a congada, o samba,
o frevo, etc.
Embora fossem obrigados a seguir a religião católica,
os negros não deixavam de lado seus rituais. Dessa forma,
as crenças religiosas africanas misturaram-se com o catolicismo,
formando o que se chama de sincretismo religioso.
Muitas divindades negras, os orixás, foram identificadas
com os santos católicos: Oxalá, pai dos orixás,
foi identificado com Nosso Senhor do Bonfim; Xangô, protetor
contra os trovões e tempestades, passou a ser identificado
com Santo Antônio ou São João; Ogum é
São Jorge; Iemanjá é Nossa Senhora da Conceição.
Etc. Essas divindades africanas continuam sendo homenageadas nos
terreiros (locais onde são praticadas as religiões
de origem africana, como a umbanda e o candomblé) em muitas
cidades do Brasil, principalmente na Bahia.
EUROPEUS (PORTUGUESES)
A cultura trazida pelo português foi a cultura dominante:
a língua oficial do Brasil é o português; a
religião católica foi a religião oficial até
1889 e continua sendo a religião da maioria dos brasileiros;
a construção das casas – amplos casarões,
sobrados com azulejos coloridos – e das cidades, com traçados
irregulares, é herança dos portugueses.
Muitos alimentos consumidos hoje no Brasil são de origem
portuguesa: doces (marmelada, goiabada, bananada), temperos (louro,
cheiro-verde, alho, cebola, azeitona), sopas, frituras, a couve,
que acompanha a feijoada; o cozido, que aqui se enriqueceu com alimentos
nativos, como a mandioca, a batata-doce e o milho.
Os portugueses também trouxeram a tradição
das festas católicas (Natal, Páscoa, Dia de Reis,
etc.) e dos festejos populares, como as folias carnavalescas e as
festas juninas (homenageiam Santo Antônio, São Pedro
e São João).
MUÇULMANOS
Pode até não parecer, mas o mundo árabe é
muito familiar a nós. Basta lembrar que herdamos dessa sociedade
um grande números de gêneros alimentícios, como
a alface, a cana-de-açúcar, o café, a laranja,
a cidra, o limão, o pêssego, o açafrão,
o espinafre, a banana, etc
No setor manufatureiro, desenvolveram a metalurgia, a tecelagem,
a vidraria, a tapeçaria e a perfumaria.
Também são conhecidas muitas obras literárias
(As mil e uma noites , Ali Babá e os quarenta ladrões
e a Lâmpada Maravilhosa).
No Brasil, um dos maiores países católicos do mundo,
o Corão, livro sagrado do islã, atrai cada vez mais
adeptos. Há quarenta anos a comunidade árabe possuía
uma única mesquita. Hoje são 52 templos, espalhados
por todo o país e freqüentado por cerca de dois milhões
de fiéis.
Cabem a eles também, a habilidade de comercializar.
BIBLIOGRAFIA:
. HISTÓRIA E VIDA 1 – NELSON E CLAUDINO PILETTI –
ED. ÁTICA
. GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL – NOVA CULTURAL
. HISTÓRIA E VIDA INTEGRADA – NELSON E CLAUDINO PILETTI
– ED. ÁTICA
TRABALHO – ASSUNTO:
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